Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 29 de novembro de 2019

SEQUESTRO DE BEBÊ: CINCO HORAS DE DESESPERO

 

SEQUESTRO
 
 
Cinco horas de desespero
 
Estudante de fonaudiologia de 23 anos leva recém-nascido do Hospital Regional de Taguatinga, mas é flagrada na unidade de saúde de Ceilândia após simular parto em casa e acionar o Samu. Apesar do susto, mãe e criança passam bem

 

ALAN RIOS
CAROLINE CINTRA
JULIANA ANDRADE

Publicação: 29/11/2019 04:00

A mãe, Larissa, com Miguel Pietro, e a namorada, Luana: final feliz  (Arquivo Pessoal)  

A mãe, Larissa, com Miguel Pietro, e a namorada, Luana: final feliz

 



HRT, local do crime: após o sequestro, a Secretaria de Saúde informou que revisará os protocolos de segurança (Ed Alves/CB/D.A Press - 30/3/16)  

HRT, local do crime: após o sequestro, a Secretaria de Saúde informou que revisará os protocolos de segurança

 



A dor do parto de 36 horas, o alívio pelo nascimento saudável e o pânico do sequestro do filho, ainda na maternidade do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Larissa Almeida, 21 anos, passou por tudo isso nos últimos dias. A mãe de primeira viagem teve o bebê, Miguel Pietro, tirado dos braços por uma mulher de jaleco, que a convenceu a entregar o recém-nascido alegando que havia a necessidade de um exame de glicemia. A criança, no entanto, foi levada pela estudante de fonoaudiologia Dayane da Fonseca Santos, 23. À polícia, a jovem informou que perdeu um bebê em agosto, mas manteve a história da gravidez para a família, o que teria motivado o crime. O caso chama a atenção também pela frequência com que ocorrem sequestros de bebês na capital federal (leia Memória).

O crime de ontem ocorreu por volta das 3h. Larissa contou aos investigadores que sentiu um aperto no coração minutos depois de entregar a criança. Foi quando decidiu procurar alguém da equipe do hospital. O terror começou quando ela foi informada que aquele tipo de exame não era feito naquele horário. Sem encontrar Miguel nem a mulher de jaleco, a enfermeira registrou uma ocorrência no posto policial do HRT. No início da manhã, a mãe foi levada à 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) para prestar depoimento, iniciando a investigação da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS).

Larissa tem quatro irmãos e mora no Gama com a namorada, Luana Soares, 22, que contou detalhes dos momentos de aflição. “Desde o começo, ela achou aquela mulher estranha, porque ela estava no hospital desde cedo, pedindo para fazer teste nos bebês. Como é o primeiro parto da Larissa, ela entregou, na inocência”, afirmou. A namorada só tinha visto o filho por foto e se emocionou pensando na possibilidade de não conhecê-lo. “A Larissa tinha me mandado foto dele, dizendo: ‘Olha que lindo!’. Logo depois, ele foi tirado dela. Não dava para acreditar. É cruel. Isso mostra que o mundo está perdido”, lamentou.

A família mobilizou-se e seguiu para a porta do HRT, ainda durante a madrugada. O irmão, Rodson Almeida, 27, não conteve as lágrimas. “Eu não acreditei, fiquei muito indignado. É o primeiro bebê menino, porque a nossa mãe só teve netas. É o nosso xodó, e eu ainda sou padrinho dele. A gente batalhou e comprou tudo para o bebê. Nunca pensei que eu pudesse me sentir destruído assim”, disse. Enquanto os parentes esperavam notícias no hospital, Larissa descrevia aos investigadores as características da sequestradora.


Luiz Henrique Sampaio, delegado:  

Luiz Henrique Sampaio, delegado: "Ela conversou com outras mães, mas Larissa estava desacompanhada. Esse foi, provavelmente, o motivo da escolha daquela mãe e daquela criança como alvo"

 




Reviravolta em Ceilândia
Mãe de Larissa, a cabeleireira Francisca Almeida Ribeiro, 55, acompanhou o parto e lembrou do momento em que recebeu a primeira boa notícia do caso. Ela estava na delegacia com a filha, registrando ocorrência, quando um dos investigadores deu uma esperança: “Ele disse que tinha uma mulher no Hospital Regional de Ceilândia com um bebê que poderia ser o Miguel”. A tal paciente do HRC havia acionado o Samu por volta das 5h, dizendo que tinha acabado de dar à luz. A equipe médica, porém, achou estranho o recém-nascido estar limpo e com sinais de ter sido vacinado, além de a possível mãe estar bem para quem tinha acabado de passar por um parto.

Francisca e Larissa foram levadas ao Hospital de Ceilândia para verificar se aquela criança era Miguel. Por volta das 8h30, elas reencontraram a criança. “A minha filha chegou lá e reconheceu a mulher e o bebê. Eu o reconheci também, porque eu o vi nascer, registrei e tudo. Nenhuma família merece passar pelo que a gente passou”, declarou.

Crime premeditado
Em depoimento à Polícia Civil, a estudante de fonoaudiologia Dayane confessou o crime, segundo os investigadores. Antes de sequestrar o bebê, a jovem havia estado no Hospital Regional de Taguatinga duas vezes, em 23 e em 25 de novembro, para observar a rotina das grávidas. “Ela foi ao HRT e começou a conhecer o local. No momento em que estava próxima à porta, ela viu uma lista com informações do número do quarto onde estavam as mães e os recém-nascidos. Com isso, ela entrou dizendo que faria uma visita a um determinado quarto”, detalhou o diretor adjunto da DRS, Luiz Henrique Sampaio.

No dia do crime, Dayane chegou ao hospital à tarde, por volta das 15h, e permaneceu no local até a madrugada. Para disfarçar, ela usou um jaleco para ser confundida como servidora da unidade de saúde. “Ela conversou com outras mães, mas Larissa estava desacompanhada. Esse foi, provavelmente, o motivo da escolha daquela mãe e daquela criança como alvo”, avaliou o delegado.

Para sair do HRT, Dayane colocou o bebê em uma bolsa. Em casa, manteve a criança no quarto até que, pela manhã, o irmão da acusada ouviu o choro do recém-nascido. Nesse momento, ela contou que tinha dado à luz, e a família chamou o Samu. Segundo os investigadores, a jovem sujou o banheiro de sangue para simular o cenário do parto — ainda não se sabe a origem do sangue.

Um bebê era bastante esperado pela família e pelo namorado de Dayane. Os agentes revelaram que a jovem fez um enxoval e apresentou o cartão do pré-natal do filho que perdeu ao chegar no HRC. Dayane tem um filho de 5 anos. “A gente percebe que ela sofre um drama emocional, e tudo isso pode ter contribuído para o crime”, comentou o delegado Luiz Henrique. A acusada está presa em flagrante por subtração de incapaz. A pena para esse tipo de crime é de 2 a 6 anos de reclusão.

Em nota oficial, a Secretaria de Saúde informou que a direção do HRT “esclarece que preza pela segurança dos pacientes e que tem uma rigorosa vigilância”. A pasta acrescentou que, com esse caso, “os protocolos estão sendo revistos para aprimorar o trabalho e garantir que situações como essa não se repitam”, além de adiantar que está em andamento um projeto para implementação de uma central de monitoramento. O órgão detalhou, ainda, que Miguel Pietro passa bem. “O recém-nascido está internado no Hospital Regional de Ceilândia, recebendo toda a assistência necessária. Está em observação, apenas em cumprimento aos protocolos hospitalares. De lá, com a mãe, receberá alta, procedimento que ainda não tem data prevista”, ressaltou a pasta.




Memória

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 7/5/19)  


11 de fevereiro de 1981

» Com dois dias de vida, Luís Miguel foi levado dos braços da mãe, Sueli Gomes da Silva, na porta do Hospital Regional do Gama. À época, a mulher tinha 16 anos e morava em um orfanato. Ao sair da unidade de saúde com o filho e acompanhada por dois funcionários do abrigo — um homem e uma mulher —, ligou para a dona do abrigo, de um orelhão, e deixou a criança com a moça que estava com ela. Quando encerrou a ligação, não encontrou mais o filho. Apenas em 2013, após a morte da proprietária do abrigo, Sueli contou a história à polícia. A investigação durou seis anos. Em abril deste ano, por meio de um exame de DNA, a Polícia Civil confirmou que o corretor de imóveis e morador da Paraíba Ricardo Araújo, 38 anos, é filho de Sueli.


 (Carlos Moura/CB/D.A Press - 3/5/03)  


21 de janeiro de 1986
» O sequestro de Pedro Rosalino Braule Pinto é um dos casos mais famosos do país. Vilma Martins Costa, passando-se por enfermeira, entrou no quarto onde Maria Auxiliadora Braule Pinto se recuperava do parto do filho. Ela disse que levaria o bebê para fazer exames, mas sumiu com ele. O crime ocorreu no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul. Passados 16 anos, o menino foi encontrado em Goiânia, vivendo com a família de Vilma, sob o nome de Osvaldo Martins Borges. Após cumprir 5 dos 19 anos das penas inicialmente impostas pela Justiça, a sequestradora de Pedrinho ganhou a liberdade condicional em 2008.


 (Luis Nova/Esp. CB/D.A Press - 8/6/17)  


6 de junho de 2017
» Um dia antes de receber alta, Jhony Júnior foi sequestrado do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A mãe da criança, Sara Maria, 19 anos, havia dado à luz em um posto de saúde na Estrutural, em 25 de maio, e, depois, levada, com o filho, para a unidade de saúde do Plano Piloto. A equipe de enfermagem percebeu que o bebê não estava mais lá durante o horário de almoço. As buscas começaram com vigilantes e policiais militares no hospital. No dia seguinte, a criança foi encontrada com Gesianna de Oliveira Alencar. Ela foi presa. Em 6 de setembro do mesmo ano, a Justiça a condenou a pagamento de multa e a penas alternativas, como prestação de serviços comunitários ou doação de cestas básicas.
 
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