Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sexta, 05 de julho de 2024

SENTIMENTAL DEMAIS (CRÔNICA DA COLUNISTA MADRE SUPERIRORA VIOLANTE PIMENTEL)

SENTIMENTAL DEMAIS

Violante Pimentel

A música Sentimental Demais, da autoria do compositor, cantor e músico cearense Evaldo Gouveia, foi lançada em 1965, na voz do cantor mineiro Altemar Dutra (1940 – 1983), com estrondoso sucesso.

Essa música sintetizou no título, a natureza do cancioneiro popular do compositor cearense Evaldo Gouveia (8 de agosto de 1928 – 29 de maio de 2020).

Em parceria com o compositor capixaba Jair Amorim (1915 – 1993), a quem foi apresentado em 1958, Evaldo Gouveia construiu uma obra já eternizada na memória afetiva do povo brasileiro.
Quase sempre compostas na cadência do bolero ou do samba-canção, suas músicas sempre soaram sentimentais, como a alma do povo brasileiro, que sempre as cantou em casa, nas ruas, nos bares, nos shows, enfim, em qualquer lugar em que, ao vivo ou na gravação de um disco, um intérprete se derrame ao dar voz a uma música de Evaldo Gouveia e Jair Amorim.

Nos anos 1960, um desses intérpretes foi Anísio Silva (1920 – 1989), cantor baiano que lançou o bolero Alguém me disse. Primeiro grande sucesso do compositor Evaldo Gouveia, Alguém me disse veio ao mundo um ano após Conversa (1959), primeiro título da parceria de Jair e Evaldo. Conversa ganhou as vozes das cantoras Alaíde Costa, Hebe Camargo (1929 – 2012) e Luciene Franco em gravações quase simultâneas.

Contudo, o laço mais forte da dupla de compositores foi mesmo com Altemar Dutra, em vínculo iniciado em 1963 com a gravação do bolero Tudo de mim pelo então emergente cantor com voz de trovador. Os registros sequenciais do bolero Que queres tu de mim e do samba-canção Somos iguais reforçaram em 1964 esse laço, definitivamente consolidado em 1965 com a gravação da canção Sentimental demais, à qual se seguiu, no ano seguinte, outro grande sucesso, Brigas (1966).

Sem se afastar totalmente dessa linha sentimental, Evaldo Gouveia também caiu no samba mais animado – sempre em parceria com Jair Amorim – ao compor O Conde (1969), grande sucesso na voz esfuziante do cantor Jair Rodrigues (1939 – 2014).

Na letra de O Conde, há referência à escola de samba Portela, para a qual Jair e Evaldo fizeram (com a adesão do compositor Euzébio Nascimento, o Velha) O mundo melhor de Pixinguinha (Pizindin), samba-enredo com o qual a agremiação desfilou no Carnaval de 1974, após compositores tradicionais do gênero terem protestado nos bastidores contra a entrada de dois estranhos no ninho folião. Alheio à controvérsia, o povo carioca cantou a plenos pulmões o fluente samba-enredo de Jair Amorim, Evaldo Gouveia e Velha.

Nascido na interiorana cidade cearense de Iguatu (CE), Evaldo Gouveia morreu em Fortaleza (CE), onde residia nos últimos anos, mas fez sucesso ao transitar entre as cidades de Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) a partir dos anos 1940, em plena era do rádio.

Se o cantor (integrante do Trio Nagô de 1950 a 1962) nunca ficou muito tempo sob os holofotes, o compositor reinou nas paradas – em vozes alheias – entre 1960 e 1975, ano em que a cantora Ângela Maria (1929 – 2018) voltou a fazer sucesso massivo com Tango pra Tereza, última composição da dupla a obter ampla repercussão nacional.

A partir da década de 1980, o cancioneiro de Evaldo Gouveia perdeu impulso no mercado, embora sempre reaparecesse regularmente através de regravações dos sucessos do compositor por cantoras como Ana Carolina, Fafá de Belém e Gal Costa, entre outras vozes.

Além de Jair Amorim, Evaldo Gouveia compôs com parceiros do quilate do compositor carioca Paulo César Pinheiro – com quem assinou músicas como Poster, samba-canção gravado em 2017 pelo cantor Léo Russo – e do poeta conterrâneo Fausto Nilo, com quem fez Esquinas do Brasil (2001) e Nada mudou (2017).

Contudo, é mesmo pela obra composta com o parceiro mais famoso, Jair Amorim, que Evaldo Gouveia será lembrado como hábil arquiteto da canção popular. Um artista assumidamente sentimental demais, como o povo que, imune aos preconceitos dos críticos e das elites culturais do Brasil, desde o início referendou Evaldo Gouveia como compositor de grande sucesso.

Entre os compositores românticos da nossa MPB, na minha opinião, o que mais mexeu com os corações apaixonados foi o cearense EVALDO GOUVEIA, autor de uma discografia invejável.

Ele acertava em cheio, cada música para um momento próprio da trajetória do amor, inclusive os momentos de ciúmes.

Suas belíssimas composições também foram gravadas por grandes intérpretes da MPB, como Anízio Silva (Alguém Me Disse – 1960), Altemar Dutra (Sentimental Demais- 1965), Jair Rodrigues (O Conde – Samba-enredo da Escola de Samba Portela – 1973) e outros.

Evaldo Gouveia teve outros grandes parceiros musicais, como Paulo César Pinheiro e Fausto Nilo, valorizando ainda mais o seu legado musical.

Ao morrer em Fortaleza (CE), na sexta-feira, 29 de maio de 2020, aos 91 anos, vítima de infecção pelo covid-19, Evaldo Gouveia deixou para a posteridade suas canções belíssimas e sentimentais demais.

 


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