Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 16 de abril de 2023

SENHAS CONTRA O ASSÉDIO SEXUAL: BARES DO RIO CRIAM CÓDIGOS PARA AJUDAR PESSOAS EM RISCO

 

Por Roberta de Souza — Rio de Janeiro

 

Senhas contra o assédio sexual: bares do Rio criam códigos para ajudar pessoas em risco
Senhas contra o assédio sexual: bares do Rio criam códigos para ajudar pessoas em risco Brenno Carvalho

“Cadê a Angela?” Essa é a pergunta que uma mulher fará no bar do Coltivi, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, se estiver em situação de risco dentro do estabelecimento. A frase, como informa um recado dentro do banheiro feminino, é a senha para indicar que algo não vai bem, numa estratégia que vem sendo adotada em bares, restaurantes e casa s noturnas — cada lugar com sua versão — para facilitar denúncias de assédio, violência ou importunação. A comunicação por código ganhou popularidade após a promulgação de uma lei estadual, em 2019, que obriga estabelecimentos a prestarem auxílio para mulheres que se sintam em situação de risco.

   

Drinques fictícios

 

No Coltivi, o recado atrás da porta do banheiro diz: “Está em um encontro que está ficando estranho? Sente que não está em uma situação segura? Vá pelo bar e pergunte ‘Cadê a Angela’?”. A personagem fictícia foi importada de uma campanha contra assédio feita na Inglaterra, em 2016, que chegou ao conhecimento de Piero Colin, de 41 anos.

— Com essa era nova de encontros marcados por aplicativos, os riscos aumentaram — afirma o dono e fundador do Coltivi.

Yuri Evangelista, chefe do bar, lembra da única que vez em que uma mulher procurou pela “Angela”. Nervosa, a cliente utilizou o código e foi prontamente acolhida por Yuri, que a levou até o escritório do estabelecimento.

— Ela não quis entrar em detalhes, só disse estar nervosa e que só sairia quando o homem que a estava acompanhando deixasse o local. Eles tinham se conhecido em um aplicativo de relacionamento, e algo saiu do controle — conta Yuri.

— Meu limite foi desrespeitado por esse rapaz, e fiquei sem reação. Acredito que, se essa ideia já estivesse em prática, teria sido bem útil, pois, após a primeira situação desconfortável, eu conseguiria ir embora. Na época, fiquei até o fim — lembra Maria.

No Rio de Janeiro, esse mecanismo de defesa inspirou a lei estadual 8.378, da deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), que estabelece que bares, casas noturnas e restaurantes são obrigados a adotar medidas para auxiliar mulheres em situação de risco nas dependências desses estabelecimentos.

A lei diz que a informação sobre o socorro disponível deve ser exposta em “cartazes fixados nos banheiros femininos ou em qualquer ambiente do local”. Também é obrigação do estabelecimento treinar e capacitar os seus funcionários para a aplicação das medidas previstas.

Sérgio Pires e Gustavo Paiva, empresários à frente do restaurante Bora!, em Campo Grande, na Zona Oeste, não conheciam a lei quando adotaram a tática do recado personalizado no banheiro feminino. Por lá, um cartaz orienta a cliente a ir até o bar e pedir o drinque “Bora Fora”.

— Se chegou ao nível de pedir ajuda, é porque a situação está muito fora da normalidade, é de perigo. Então, precisamos estar preparados para uma possível ocorrência — conta Pires.

No Zazá Bistrô, em Ipanema, a preocupação com a proteção das mulheres está presente desde o início. As donas, Zaza Piereck, de 54 anos, e Preta Moyses, de 46, mesmo antes da implementação da lei, já tinham um “drinque” indicado no banheiro como código para situações de risco.

— Como nunca tivemos nenhum caso, resolvi trocar o drinque por um recado mais claro. Fiquei com medo de não procurarem ajuda por algum mal-entendido — explica Zazá, que adotou um cartaz padrão do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro.

— É muito comum ouvir o relato de mulheres que ficaram em situações desconfortáveis em encontros e não souberam como sair. Esse recado no banheiro pode salvar uma vida — garante.


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