SEM-NOÇÃO JOGA NO TIME DO SEM-TERRA
Motoristas irresponsáveis? Existem pra dar, vender e emprestar. Além de desrespeitar o limite de velocidade, estacionam como lhes dá na cabeça. Diante das escolas, veem-se carros em filas duplas e triplas. A meninada chama os condutores de “sem noção”. Ao escrever a duplinha, pintou a dúvida. Com hífen? Sem hífen? Sem-noção joga no time de sem-terra, sem-teto, sem-emprego.
A questão pintou na aula da 6ª série. Meio-dia e meio ou meio-dia e meia? A turma se dividiu. Uns ficaram com o masculino. Outros, com o feminino. E daí? A professora entrou na discussão. Fez esta pergunta: — Meio-dia e … metade de hora ou metade do dia? Caiu a ficha. A moçada aprendeu sem risco de esquecer. Meio-dia e meia são 12h30.
“Com esses dados, podemos ver que, na verdade, aproximadamente metade das escolas privadas atingiram a pontuação que a maioria das escolas públicas não conseguem”. A frase está correta? Metade das escolas atingiram? A maioria das escolas não conseguem? Trata-se do partitivo. No caso, o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (metade, maioria) ou com o complemento (escolas privadas, escolas públicas).
O verbo ir admite duas preposições. Cada uma dá recado diferente. Ir a significa que vamos voltar rapidinho (vou ao clube, vou ao cinema, vou ao teatro, vou a São Paulo). Ir para avisa que vamos de mala e cuia — pra ficar ou pra demorar um tempão: Vai para Nova York fazer pós-graduação. Vai para Porto Alegre morar com os pais.
É correto afirmar que o Ministério Público concluiu “pela” ou “por” alguma coisa? Regência é calo nos dois pés. Na dúvida, é melhor recorrer ao paizão. O dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes (o melhor que temos), dá nota 10 para concluir por (pelo, pela), que significa convencer-se de: Gonçalo concluiu pela necessidade de acabar a novela.