A exatos 100 dias do início da Copa do Mundo feminina, na Austrália e na Nova Zelândia, o Brasil deu motivos para se acreditar numa vida mais longa no Mundial. No último grande teste do ciclo, a boa vitória sobre a Alemanha por 2 a 1, nesta terça-feira, em Nuremberg, foi tão convincente quanto o empate diante da Inglaterra, na última quinta-feira, na Finalíssima, em Wembley — derrota nos pênaltis.
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As duas atuações comprovam a evolução da seleção de Pia Sundhage no melhor momento possível. A três meses da Copa, a equipe encerrou um ciclo de sete jogos diante grandes times que estarão no Mundial. Foram três jogos diante do Canadá, atual campeã olímpica, além dos confrontos diante dos Estados Unidos (atual campeão mundial), Japão (forte seleção asiática), Inglaterra (campeã europeia) e a Alemanha (vice na Eurocopa).
Em julho, às vésperas da competição, ainda haverá tempo para amistosos, porém com adversárias de menor expressão — a CBF ainda não divulgou os possíveis confrontos. Fato é que o time ganhou confiança para enfrentar o grupo em que a França é tida como favorita. As francesas, no entanto, estão em momento complicado. Recentemente, houve saída em massa de jogadoras experientes que não concordavam com o trabalho da comissão técnica. A federação trocou o treinador — Hervé Renard, ex-Arábia Saudita — e as atletas reviram a decisão.
— Se olharmos para trás, jogamos com Japão, Canadá, Estados Unidos... Nós ganhamos confiança em muitas situações nos jogos — disse a técnica Pia Sundhage.
Ainda há outras boas notícias dessa data Fifa. Pia conseguiu mostrar um padrão de jogo e variações táticas de acordo com a adversária. Contra a Inglaterra, no primeiro tempo, por exemplo, optou por uma linha defensiva mais forte e conseguiu segurar o ímpeto das inglesas; no segundo, saiu para o jogo e alcançou o merecido empate.
Evolução técnica e tática
Diante da Alemanha, pressionou na marcação e teve as melhores oportunidades da partida. Os gols de Tamires, que aproveitou a confusão entre a goleira e a zagueira para pegar o rebote, e de Ary Borges, que acertou no gol um cruzamento da linha de fundo, ambos no primeiro tempo, não foram frutos do acaso. Foi um time que propôs o jogo, mostrou ritmo e capacidade física para recompor a marcação, mas ainda há que melhorar nessa transição. A desatenção nos acréscimos, quando saiu o gol de Jule Brand após rebote, é outro ponto a ser observado. Contra gigantes do futebol, a concentração deve ser 100% o tempo todo, como sempre cobra a técnica sueca.
— Saímos com pensamento positivo de que chegamos fortes para a Copa do Mundo. Ganhar de uma seleção como a alemã faz com que as pessoas voltem a olhar para o Brasil com um respeito muito maior — afirmou Ary Borges, autora do segundo gol.