Belém — Há uma anedota clássica no futebol brasileiro. O histórico atacante Claudiomiro, do Internacional, teria soltado a seguinte pérola uma vez ao desembarcar no Aeroporto Internacional Val-de-Cães. "É uma alegria jogar em Belém, a cidade em que nasceu Jesus", teria afirmado o gaúcho antes de uma exibição colorada na capital do Pará.
O lateral-direito Danilo, o volante Casemiro e o atacante Neymar formam um triunvirato na Seleção principal há 13 anos. Em 2011, brindaram o país com a conquista do Sul-Americano Sub-20 no Peru sob o comando de Ney Franco. Sem Neymar, Danilo e Casemiro ganharam o Mundial da categoria. Reunidos no Superclássico das Américas naquele ano, no Mangueirão, na capital paraense, festejaram o título no duelo à parte com a Argentina. Neymar fez o segundo gol. Ronaldinho Gaúcho ergueu o troféu na Era Mano.
Danilo, Casemiro e Neymar eram os caçulas da turma. Três juvenis. Neste início de gestão Diniz, os reis magos são praticamente os veteranos da turma na largada do ciclo. Viraram trintões. Neymar acumula três participações na Copa no currículo. Todas com a camisa 10. Danilo e Casemiro estiveram nos últimos dois Mundiais.
O jogador da Juventus é um dos líderes da primeira convocação de Fernando Diniz. Reúne os perfis exigidos pelo treinador: voz de comando e versatilidade: lateral-direito de origem, mas zagueiro também há algum tempo na Velha Senhora.
"No momento em que eu cheguei na Itália, tive de lidar com um futebol um pouco mais defensivo, atuando mais como zagueiro, no centro da defesa. Comecei a pensar que gosto de ter a bola o tempo inteiro, atacar mais, mas o que esse futebol mais defensivo pode me dar mais no meu jogo", avaliou.
"Ter o Diniz é uma agregação de valor na minha história. Será de muito aprendizado e muita serventia para a minha carreira. Eu estava curioso para ver como ele implementaria as ideias. Para mim, o mais importante de um treinador é convencer todo mundo a fazer aquilo. Tem muitos bons que não conseguem convencer e as coisas não andam. Estou muito curioso para seguir neste trabalho com o Diniz para agregar em tudo que vivi", compartilhou.
Jogo posicional
Danilo não terá tanta dificuldade. Na carreira europeia, ele se reinventou algumas vezes no Porto, Real Madrid, Juventus e Manchester City para entregar padrão de excelência sob os comandos de treinadores como Pep Guardiola. Além de lateral, atuou nas funções de zagueiro, volante e meia sob a batuta do catalão. Diniz adora.
Ele também aprendeu com Massimiliano Allegri e Carlo Ancelotti. O técnico do Real Madrid está acertado com a CBF para herdar a prancheta do interino Diniz. "Para mim, essa definição de interino não cabe. A gente tem que pensar no hoje. Amanhã, ninguém sabe o que vai acontecer. O treinador, hoje, é o Diniz e tem o nosso respaldo. Não podemos começar um trabalho pensando que amanhã chega outra pessoa. Não tem esse papo de interino. Depois não sei nem se eu vou estar aqui ou quem vai estar", ponderou o líder.
Há uma intersecção no histórico de Casemiro, Danilo e Neymar. Todos usaram pelo menos uma vez a braçadeira de capitão. Portanto, a fala do trio tem o poder de arregimentar o grupo em torno das ideias de Fernando Diniz. O lateral admite: não será simples nem fácil.
"Fernando Diniz tem um futebol pouco posicional. Para mim, é muito diferente do que eu fui habituado nos últimos anos. É um desafio. Foi bacana ele dar liberdade para executarmos da maneira como estamos habituados e, a partir daí, ele vai colocando a digital dele. Ele tem consciência de que é impossível de início ele colocar aquilo que ele tem de jogo. Então, para ele, é também importante que a gente jogue um pouco com aquilo que nos deu sempre segurança, nossa base. Mas deu para perceber que ele quer que os jogadores se divirtam. E isso vai causar alegria também para o povo. É o principal objetivo dele", ressalta Danilo.