O saudoso poeta cantador João Paraibano, que encantou-se aos 61 anos de idade em setembro de 2014
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João Paraibano
Branca, preta, pobre ou rica,
toda mãe pra Deus é bela;
acho que a mãe merecia
dois corações dentro dela:
um pra sofrer pelos filhos;
outro pra bater por ela.
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Lourival Batista, o rei do trocadilho
É muito triste ser pobre
Pra mim é uma mal perene
Trocando o “p” pelo “n”
É muito alegre ser nobre
Sendo pelo “c” é cobre
Cobre figurado é ouro
Botando o “t” fica touro
Como a carne e vendo a pele
O “T” sem o traço é “L”
Termino só sendo “Louro”!
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Luiz Ferreira Lima (Liminha)
Acho lindo um bonito vagalume
Reluzindo sua luz na escuridão
Um luzidio e pomposo alazão
Quando trota exibindo seu negrume
Como é lindo os peixinhos em cardume
Se unindo pra escapar do predador
Não se imita o “rasante” de um condor
Nem o charme de uma bela “margarida”
Isso tudo pra mostra na nossa vida
Quanto é grande o poder do Criador!!!
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Geraldo Gonçalves
Para quem nasce poeta
versejar é um lazer,
sinto bastante prazer
obedecendo esta meta.
No repente sou atleta,
meu verso é uma beleza,
componho com singeleza,
rimo porque acho bom,
a poesia é um dom
dado pela natureza.
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Dudu Moraes
Não é que meu coração
Não consiga amar ninguém
É que este pobre indefeso
De ingratidões foi refém
De tanto levar pedrada
Tornou-se pedra também!
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Diniz Vitorino
Nós temos por certa a morte,
mas ninguém deseja tê-la…
Quando morre uma criança,
o pai lamenta em perdê-la,
mas Jesus, todo de branco,
abre o céu pra recebê-la.
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Um folheto de Gonçalo Ferreira da Silva – LENDA DO CAIPORA
A humana criatura
se pergunta insatisfeita:
Como uma coisa existe
sem nunca ter sido feita? –
Quem prega não prova nada
quem escuta não aceita.
Diz a gênese mosaica
que Deus Pai Onipotente
disse: “Faça-se a luz”
e a luz obediente
do atro abismo do nada
surgiu repentinamente.
Assim também são as lendas
as vezes surgem do nada
ou como reminiscência
duma cultura importada
que sempre sensibilizam
gente não civilizada.
De acordo com tais lendas
há o regente do mar,
o deus dos mananciais,
o gênio que rege o ar,
e é de um desses gênios
que nós queremos falar.
Vivendo na intimidade
da aconchegante flora
como um guardião que zela
a quem mais ama e adora
é o protetor da fauna
o lendário caipora.
E o caçador prudente
ao conduzir o seu cão
antes de entrar na mata
deve, por obrigação
ao caipora pedir
a sua autorização.
Senão estará sujeito
a ser desafortunado
ou inexplicavelmente
ficar desorientado
andando em círculo na mata
por tempo indeterminado.
Outras vezes algo estranho
fica o cachorro sentindo
andando em torno do dono
se lastimando e ganindo
sem que o dono perceba
quem o está perseguindo.
Outro artifício que é
pelo caipora usado
é reter o cão esperto
infantilmente acuado
latindo muito diante
dum toco designado.
“Hoje não é o meu dia”
pensa imediatamente
o caçador convidando
o cão desobediente
que abana o rabo, entretanto,
volta a latir novamente.
Agora o caçador sente
um inexplicável frio
tenta dominar o medo
porém sente um arrepio
algo como um mudo aviso,
um sentimento sombrio.
Pedras à feição de trempes
bota na mata fechada
acende fogo dizendo:
– Vamos parar a jornada
só depois da hora-grande
reinicia a caçada.
Mas depois da hora-grande
incompreensivelmente
ouve o caçador um longo
assovio à sua frente
o caçador intrigado
escuta detidamente.
Gira sobre os calcanhares
segue oposta direção
mas não percorre uma jarda
tem ele a decepção
de saber que o assovio
já mudou de posição.
E assim pra todo lado
em que o caçador for
segue o assovio como
se o assoviador
se entretenha mangando
da cara do caçador.
Um caçador nos contou
um curioso ocorrido
um caso igualmente aquele
nunca tinha acontecido
dessa vez o caipora
se deixou ser percebido.
Quando entrou na mata virgem
repentinamente viu
três porcos-do-mato que
quando ele os pressentiu
os alvejou um por um
até que o último caiu.
Quando ia dirigir-se
aos porcos mortos no chão
um moleque apareceu
com um enorme ferrão
montado num porco-espinho
na densa vegetação.
E enfiando o ferrão
nos flancos dum animal
mandou-o se levantar
que o tiro não foi mortal
o porco saiu correndo
por dentro do matagal.
Repetiu com o segundo
essa mesma operação
e no terceiro também
ele enfiou o ferrão
os animais dispararam
sem vestígios de lesão.
A seguir o caipora
dirigiu-se a um ribeiro
simulando raiva disse:
– Vou amanhã ao ferreiro
consertar este ferrão
pra ele ficar linheiro.
Logo o caçador pensou:
“Amanhã eu vou ficar
na porta da oficina
ver se alguém vai chegar
com um ferrão como este
para mandar consertar”.
Chegando em casa, sequer
colocou da porta a tranca
num dos cantos da latada
colocou sua alavanca
e depois da sua esposa
acariciou a anca.
E foi dormir levemente
para acordar muito cedo
para saber se o ferreiro
conhecia algum segredo
porque durante a caçada
pra ser franco, teve medo.
O sol já estava alto…
o caçador conversando
com seu amigo ferreiro
sobre negócios tratando
quando avistaram um vaqueiro
que vinha se aproximando.
Quando o vaqueiro apeou
foi exibindo um ferrão
dizendo para o ferreiro:
– Tenho muita precisão
que conserte este instrumento
com a maior perfeição.
Sem querer teve o ferreiro
um leve estremecimento
mas consertou o ferrão
naquele mesmo momento
e disse para o vaqueiro:
– Eis aí seu instrumento.
Disse o vaqueiro: – O ferrão
está como me convém
fitando o caçador disse:
– Preste atenção muito bem
o que você viu de noite
não conte nunca a ninguém