SEI TEU GRITO PROFUNDO
Jorge de Lima
Sei teu grito profundo, e não me animo
a cortar a raiz que a Ti me embasa.
Em mão mais primitiva não me arrimo
devo-Te tudo, origem, patas e asas.
Permite que eu revele história e limo
sem desobedecer a Tua casa.
Nazareno dos lagos, lume primo,
atende à pobre enguia de águas rasas.
Se desses versos outro lume alar-se
misturado com os Teus em joio e trigo,
sete vezes por sete me perdoa.
Ó Desnudado, é meu todo o disfarce
em revelar os tempos que persigo
- na vazante maré com inversa proa.