Este mês foi designado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Agosto Dourado por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação. A cor dourada, por sua vez, está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Esse tema foi debatido no Correio Webinar — "Agosto Dourado: a importância da amamentação para a vida dos bebês".
Segundo o Ministério da Saúde, os percentuais no Brasil são positivos. Atualmente, o aleitamento materno exclusivo (Ame) alcança 45,8% dos bebês com até seis meses. Para melhorar esse índice, especialistas afirmam que é essencial conhecer os fatores que prejudicam o aleitamento materno.
"O Agosto Dourado faz uma menção a esse alimento perfeito que a gente tem na natureza. Por isso chamamos de alimento de ouro, que é capaz de nutrir e hidratar um ser humano por seis meses num período de crescimento e desenvolvimento surreal. Não temos nenhum outro alimento que faça esse papel. A criança não precisa nem de água, nem chá. Então esse alimento vale ouro", afirmou a médica pediatra Juliana Sobral.
A prática do Aleitamento Materno Exclusivo até os seis meses de vida tem diversos benefícios: ajuda na flora intestinal, no metabolismo, no desenvolvimento cognitivo, cerebral e imunológico do bebê. Além disso, é só no leite materno que há a presença de proteínas de células de defesa que aumentam a imunidade da criança e a presença de lactoferrina, que será responsável na melhor absorção de ferro.
Os movimentos que a criança faz para retirar o leite do peito são um exercício importante para a boca e para os músculos do rosto e irão ajudar a criança a não ter problemas com a respiração, a mastigação, a fala, o alinhamento dos dentes e, também, para engolir.
Critérios para doação
Sobral explica que o Agosto Dourado também é fundamental para propiciar a doação do leite materno. Ela e Thaís Sarinho, enfermeira e supervisora do banco de leite da Maternidade Brasília, lembram que meio litro de leite materno doado pode alimentar muitos recém-nascidos por dia que estão na UTI neonatal.
Em 2020, de acordo com o Ministério da Saúde, o leite materno doado representou apenas 64% da necessidade total do país. Na Maternidade Brasília, onde a supervisora atua, são confeccionados 'kits' que são entregues na própria casa da mãe que deseja doar, para que elas realizem o procedimento sem a necessidade de sair de casa.
"A gente vai até a casa dela e entrega o material e sempre que ela vê que encheu o 'pontinho', liga no banco e a gente vai até a casa delas e busca, sem o menor problema", contou a supervisora da maternidade. "A intenção (com as doações) é conseguir abarcar todos os bebês da maternidade e não só os da UTI neonatal. Mas, hoje, a gente tem que selecionar devido à demanda. Tem épocas que temos leite, mas tem épocas que estão bem fracas as doações e, por isso, é importante o Agosto Dourado, para a gente lembrar que não é só um mês. Tem todo um ano de trabalho e os bebês não param de nascer", afirmou Thaís Sarinho.
No Brasil, a amamentação é contraindicada caso a mãe esteja infectada com o HIV (vírus da Aids) e o HTLV1 e HTLV2 (vírus que comprometem as defesas do organismo).
Grávida de 36 semanas, a jornalista Bárbara Lins participou do encontro. Admitiu ter muitas dúvidas sobre o assunto e aproveitou o momento para perguntar sobre a bomba de leite, se o aparelho interfere em algo na produção do alimento. A doutora Juliana Sobral explicou que a bomba pode auxiliar bastante a mãe, já que ordenhar com a mão é mais complicado.
"A bomba pode ser uma grande ferramenta que ajuda a mãe, principalmente para a mãe que tem aquela produção excessiva de leite precisa com frequência ficar ordenhando. A gente sabe que muitas mães não conseguem ordenhar com a mão, já que é cansativo e dói", relatou a médica pediatra da Maternidade Brasília. "Cada mulher tem sua anatomia da mama e sua realidade, principalmente quando a mãe volta a trabalhar, que precisa ordenhar uma quantidade maior para deixar para o filho. A bomba pode ser uma grande aliada", continuou a doutora.