Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 19 de junho de 2017

SAUDADE DE TER FÉRIAS

Antigo despertador – tá na hora de levantar e ir pra escola

Hoje, domingo, dia 18 de junho. Faltam apenas 12 dias para terminar o mês. Desses 12 dias, quatro não são considerados úteis – dois domingos (18 e 25), um sábado (24) e um feriado santificado em alguns estados: 29, dia dedicado à São Pedro.

Lembro que, se eu ainda estivesse na escola, no curso primário, teria mais 9 dias de aulas – mas a última semana, de 26 a 30 tínhamos apenas as provas. Provas do meio do ano. Antes de entrarmos de férias.

No dia primeiro de julho, pernas pra que te quero – a caminho do interior, da vida pacata, do ouvir o galo cantar na madrugada e do viver em silêncio quase profundo a ponto de se poder escutar o bater de asas dos pássaros.

E aí transfiro um pouco de inveja da vida de Joãozinho Berto, que vai ficar um pouco aliviado do cântico dos pardais no parapeito da janela do quarto onde dorme e viajar para Palmares, onde certamente dormirá a tarde toda balançando numa rede armada no alpendre. Vida de quem pode. Noutra rede também armada, Luiz Berto balança, coçando frieira entre os dedos na beirada da rede enquanto peida mais que jumenta carregando peso.

Além da cama o colchão também era de molas

Na minha infância o quarto ficava quase sempre nos fundos da casa e tinha uma janela. Minha santa mãe colocava a minha cama ao lado da janela. Isso tinha um objetivo: evitar que os irmãos mais velhos que tinham o hábito de chegar tarde, pulassem a janela para entrar em casa. Ela tinha que saber a hora que cada um chegava. Anos depois, eu mesmo era quem pulava a janela. Coisas de jovens – diferentes dos jovens de hoje.

Mas, a lembrança bate de volta e nos faz sentir saudades da cama com “estrado” de molas. O colchão também de molas, garantia um sono mais que tranquilo e reparador – mas, quando o despertador tocava, não adiantava fazer que estava dormindo. Tinha que levantar com toalha, saboneteira com sabonete e escola com creme dental. Melhor que isso: o café com pão passado manteiga ou cuscuz de milho estavam pronto e servidos à mesa. Coisas das mães de antigamente.

O jornaleiro não vendia – só entregava e o patrão recebia depois

Por vários anos era assim no bairro onde cresci e morei: meu pai recebia jornal diariamente. Três jornais: Correio do Ceará, Unitário e O Povo. Não tinha assinatura formal, mas pagava religiosamente dois jornais a cada final de mês: o Correio do Ceará e O Povo. O Unitário, da mesma empresa (Diários Associados) que editava também o Correio, fazia uma cortesia como se assinatura também fosse. Mas, a foto do garoto jornaleiro não é da minha cidade nem do meu bairro.

Meu pai não saía de cada para o trabalho (Fiscal Fazendário – nos últimos anos de vida, depois de ter sido Professor por anos à fio) sem ler os três jornais. Fazia alguns recortes de algo que lhe interessava e guardava em coleção. Nunca conseguimos descobrir do que se tratava. Colecionava também a revista semanal O Cruzeiro, e dela recortava a charge do Amigo da Onça do fenomenal Péricles.
Coisas dos tempos que, com certeza, não voltarão jamais.

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