Semana passada o meu neto caçula, Leonardo, completou seu primeiro aninho de vida. De todas os efeitos perversos provocadas pela Covid, excetuado o imenso sofrer pelas perdas definitivas, nenhum se compara à impossibilidade da convivência próxima e presencial com os entes queridos. Privar um avô de ver seus netos, de acarinhá-los, é uma tortura sem igual. Experimentei isso quando, amainada a pandemia e depois de longo tempo sem vê-los, abracei-os em afago triplicado, confirmei a ventura e a alegria de ser avô. Longe deles, um minuto vira uma década. Ao lado deles o dia passa rápido, a noite se avexa e o dia seguinte é logo ali. Assim mesmo é que as horas se diluem em minutos fugazes e passam sem que a gente perceba que a vida dura segundos apenas … E o minuto que se foi é um taco de tempo que não volta nunca mais. Quando menos se espera eles crescem e a gente percebe o tempo que perdeu em não ser criança com eles, quando podia. Que pena que a gente fique adulto.
PARA LEONARDO, VINÍCIUS e BERNARDO
Saudade maior que grande
A saudade que avô sente
Que machuca tanto a gente
Não tem remédio que abrande
Ainda que a gente mande
Passear na noite escura
Ela volta, não trás cura
Judiante, dói que só
Não existe dor maior
Que dum neto a lonjura
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