A lágrima salgada da saudade
Há horas que a saudade me faz sangrar. É um sangue incolor, salgado, esfumaçado, doído, como se extraído a fórceps. Dói demais!
É uma saudade danada! Saudade de ti, de mim, de nós!
Saudade do que fui, sem querer ser. Saudade do que poderia ter sido, e não fui!
Saudade até de quando eu for!
Dói!
Saudade do vento, do amanhecer e do sol quente que me fazia suar e do suor que me fazia chorar, sentindo saudade de ti.
Dói muito!
Saudade daquela noite em que quase nos entregamos, e das lágrimas que chorei por te perder!
Saudade do teu sorriso na manhã seguinte.
Saudade do ontem. Do hoje e do amanhã, que um dia será hoje e depois será ontem.
Saudade do menino que fui e do velho que serei. Saudade de mim, de ti, de nós!
Dói e corta fundo!
Saudade das nuvens que eram minhas. E daquelas que eu não tinha!
Saudade dos caminhos, das trilhas, das veredas e das estradas por onde andei.
Saudade da minha infância. Da bila, do pião, da cachuleta, da arraia, do corrupio, e das estórias construídas e contadas em castelos de ventos e de areia.
Saudade das arapucas armadas e dos sabiás pegos. Saudade dos sabiás comidos e até dos que conseguiram fugir. Parabéns sabiás! Tomara não sintam saudades de mim.
Saudade – Pablo Neruda
Saudade é amar
Um passado
Que ainda
Não passou.
É recusar
Um presente
Que nos machuca,
É não ver
O futuro
Que nos convida.
Saudade do futuro. Saudade de tudo e até do que eu nunca vi.
Saudade da paz que eu quero ter e da que eu nunca tive.
Saudade grande. Dói!
Mas, a maior saudade é de ti. De mim. De nós!