Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sexta, 25 de janeiro de 2019

SÃO PAULO, 465 ANOS

 

SP 465 anos: histórias de quem vê a capital paulista de cima

No aniversário de São Paulo, o 'Estado' traz relatos de pessoas que passaram a ver a cidade de outra forma após encará-la do topo

Priscila Mengue, O Estado de S.Paulo

25 Janeiro 2019 | 03h00

 

Moradores fazem yoga no topo do edifício Louvre, no centro da cidade de São Paulo 

 
Moradores fazem yoga no topo do edifício Louvre, no centro da cidade de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão
 

SÃO PAULO - Às vezes, é preciso dar um ou dois passos para trás para enxergar melhor. Em uma metrópole com as dimensões de São Paulo, contudo, somente do alto é possível perceber toda essa imensidão. E o impacto pode ir além do espetáculo visual, tão postado nas redes sociais. No dia em que a capital paulista faz 465 anos, o Estado traz histórias de quem passou a ver a cidade de outra forma após encará-la do topo. 

Uma delas é o empresário Mauricio Vilela, de 38 anos, que nasceu na zona norte, mora na oeste e trabalha na Avenida Paulista. Quando era mais interessado por tecnologia do que por fotografar, adquiriu um drone em 2017, e fez as primeiras expedições na área central. “O centro não era uma realidade para mim. Meu, eu via e pensava: ‘não tenho noção da cidade onde eu moro’. Com 36, 37 anos, fui conhecer a minha própria cidade.”Foi pela tela do drone que Vilela descobriu o Teatro Municipal, os edifícios Copan e Martinelli, o Vale do Anhangabaú e o Mosteiro de São Bento. “Que coisa linda, tenho de ir lá conhecer”, pensava, enquanto manipulava o equipamento. 

Às vezes, a visita do alto já era seguida de uma no solo, enquanto, em outras, a experiência era reservada para um passeio com a esposa e as duas filhas. “O drone me apresenta de cima e eu vou lá embaixo. O centro me possibilitou muito isso. É um emaranhado, uma quantidade de coisa que não sei falar.”

Vilela começou a compartilhar parte dos registros no perfil Sou Droneiro no Instagram, a fim de levar a mais gente “as belezas” da capital, incluindo aquelas que antes “nem sabia que existiam”. “Conheço vários lugares do mundo, e São Paulo não perde em nada.”

 

 
 

Já o coordenador de manutenção Wilson Moreira, de 47 anos, diz ter visto “de tudo” do alto dos 26 pavimentos do Novotel Jaraguá, no centro. De lá, testemunhou de protestos a blocos de carnaval e corredores da São Silvestre, além das construções que cobriram partes da paisagem, como quase a totalidade do Masp. “Dá para ver até quem fica matando serviço.”

Por vezes, Moreira faz fotos do topo, que tem acesso restrito. Não costuma publicar nas redes, mas algumas vão para grupos de WhatsApp junto de um “bom dia”. “Paulistano dorme pensando no que vai fazer no outro dia. (Subir no terraço) É um momento de reflexão.” 

Também no centro, o topo do edifício Louvre é o “refúgio” de Karen Checchia, de 30 anos. A empreendedora gastronômica estava em uma fase de sobrecarga profissional quando teve a ideia: criar um grupo de yoga para moradores no terraço.

 

 

 As sensações são diferentes de cima, narra Karen. É mais fresco e tem menos estímulo visual. “Por ser muito alto, tem uma visão do horizonte ampla, dá para ver além do mar de prédios, até a Serra da Cantareira. A única coisa triste é enxergar a camada de poluição. O barulho da cidade vira um murmurinho, parece de mar.”

Vizinho do Louvre, o chef italiano Pasquale Mancini, de 60 anos, teve em São Paulo a primeira experiência como morador de uma grande cidade (e fora da Toscana). Quando se fixou na capital, para assumir a cozinha do Terraço Itália, trouxe os trejeitos interioranos: não dispensa o “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”, assim como o café na rua, o jornal na banca e caminhadas pelo entorno. “Me envolvi pelo contraste de situações.”

Se em Florença, atendia de 40 a 50 pessoas por noite, hoje se divide entre quatro ambientes e dois andares. Manter a atenção do cliente é mais desafiador. Mas não só pela dimensão. “O meu maior concorrente é a vista.”

Como no Itália, observar São Paulo de cima também é a primeira reação de quem chega no Bar Obelisco, no rooftop do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP). Mais do que as fotos e os papos na beira da sacada, a vista influencia até nas escolhas dos drinks, em que os clássicos, como o cosmopolitan e o dry martini, desbancam os da moda.

“Parece que o lugar chama a pessoa para esse caminho, como alguém que vai em um restaurante cinco estrelas e bebe vinho, mesmo que tome cerveja todos os dias. Combina mais”, diz o bartender Jairo Gama, de 34 anos.

Foi essa vista que destronou um bar russo do topo da lista de locais que Gama desejava trabalhar. Lá, teria vista panorâmica de Moscou, mas não para o Obelisco e o entardecer paulistano. “Quando chove, o céu fica mais estrelado. Já, em dia muito poluído, a cidade fica meio fosca, como se estivesse vendo com óculos embaçados.”

 

 

 

Além dos prédios. Piloto de táxi-aéreo Alexandre Souza, de 48 anos, vê São Paulo a 150 metros de altura quase todos os dias. No alto, diz, a cidade também tem tráfego intenso, especialmente nas maiores aerovias, que sobrevoam rios e ferrovias, e são cheias de normas e restrições.

Souza comanda de voos de supervisão técnica a instalações elétricas a passeios panorâmicos pela empresa High Class. Entre o público (e ele), o Pico do Jaraguá, na parte norte, e os altos do Paraíso, na zona sul, oferecem as vistas mais impressionantes. “Lá de cima, não se consegue ver o lado ruim, no sentido do vandalismo, das paredes pichadas, dos locais com lixo no chão”, conta. 

 

 
 
 

Também é do Pico do Jaraguá que Joelma Santos, de 35 anos, observa e vive São Paulo. Por lá (e na Serra da Cantareira), ela guia visitas a alguns dos pontos mais altos da cidade. A densidade da vegetação chega a confundir os desavisados. “Muitas vezes (visitantes) acham que não estão mais na cidade. Quando ficam na mata, perguntam: ‘aqui ainda é São Paulo?'


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