SÃO LUÍS
Dagmar Destêrro
São Luís
pequena sala de objetos antigos
do nosso imenso e querido Brasil.
São Luís
dos sobradões de azulejos,
do lendário Ribeirão,
do cuxá com peixe frito
e do gostoso camarão.
São Luís
da canção dolente
que mexe com o coração da gente
na voz doce de um Romeu.
São Luís
é antiga
e tão cheia de ladeiras!
Nestas, as casas inclinadas
parecem moças cansadas,
recurvadas,
fatigadas,
depois de um baile infernal.
São Luís é tão linda!
É minha terra natal!
São Luís
de Ana Jansen,
Pai-Avô
e o pobre Maia,
que pela rua, cantando,
deixava a gente pensando,
dava trabalho à memória:
qual será sua história?
São Luís
é saudade!
Dantes havia,
bem me lembro,
casinhas pobres,
na porta,
uma luz vermelha,
morta,
era a trombeta silenciosa
anunciando·a existência
da tainha frita, gostosa.
Isso foi quando eu era
bem criança.
Essa luz vermelha, morta,
guardei sempre na lembrança.
São Luís
é sala antiga
é o retrato da saudade;
desafio da esperança
transformado em realidade.
Vibrante, alegre, altaneira,
romântica e cultural.
São Luís é terra linda.
É minha terra-natal!