Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo segunda, 23 de setembro de 2019

SÃO COSME E SÃO DAMIÃO

 

 

SÃO COSME E SÃO DAMIÃO

Foto 1 – São Cosme e São Damião

Cosme e Damião

“Os Santos Cosme e Damião, irmãos gêmeos, morreram por volta de 300 d.C. Crê-se que foram médicos, e sua santidade é atribuída pelo motivo de haverem exercido a medicina sem cobrar por isso, devotados à fé. Na Igreja Católica sua festa é celebrada no dia 26 de setembro, de acordo com o atual Calendário Litúrgico Romano do Rito Ordinário, e no dia 27 de setembro, pelo Calendário Litúrgico Romano do Rito Extraordinário. Na Igreja Ortodoxa são celebrados no dia 1 de novembro e também em 1 de julho pelos ortodoxos gregos. Nas religiões afro-brasileiras, onde são sincretizados como entidades infantis, também são festejados em 27 de setembro.

Os gêmeos nasceram em Egeia (agora Ayas, no Golfo do İskenderun, Cilícia, Ásia Menor), e tinham outros três irmãos. O pai foi mártir durante a perseguição dos cristãos na era de Diocleciano. Cosme e Damião eram médicos que curavam os enfermos não só com seu saber mas através de milagres propiciados por suas orações. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Sua mãe se chamava Teodata, e também é venerada como santa pelos ortodoxos.

Brasil – O culto aos gêmeos mártires foi trazido para o Brasil em 1530 por Duarte Coelho Pereira e tornaram-se padroeiros de Igarassu, em Pernambuco. No nordeste brasileiro passaram a ser invocados para afastar o contágios de epidemias. Os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os orixás Ibejis em um sincretismo religioso.

Relação com as religiões afro-brasileiras – O dia de São Cosme e Damião é celebrado também pelo candomblé, batuque, xangô do Nordeste, xambá e pelos centros de umbanda onde são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que trazem bem estar por onde passam , possuem conhecimento de desfazer feitiços e auxiliam na cura de enfermidades e trazem alegria , deixando harmonia e felicidade no ambiente a sua volta ,(descarregando o ambiente de energias densas), trabalham na caridade , auxiliam principalmente , pessoas em situações de desamparo, fragilizadas , como crianças , idosos , enfermos e como trazem a energia alegre leve e inocente das crianças consigo , gostam de doces , frutas doces e guloseimas. O nome Cosme significa “o enfeitado” e Damião, “o popular”.

Estas religiões os celebram no dia 27 de setembro, enfeitando seus templos com bandeirolas e alegres desenhos, tendo-se o costume, principalmente no Rio de Janeiro, de dar doces e brinquedos às crianças que lotam as ruas em busca dos agrados. Na Bahia, as pessoas comemoram oferecendo caruru, vatapá, doces e pipoca para a vizinhança.

São considerados no Brasil os Santos padroeiros dos Farmacêuticos e Médicos. A bonita história de São Cosme e São Damião — que por sua vez é marcada por visões diferentes, dependendo da crença de cada religião — demonstra a complementaridade e interdependência que as profissões irmãs, a medicina e a farmácia, possuem. Talvez o sucesso atribuído às curas milagrosas dos irmãos gêmeos, na idade média, nada mais fosse do que a antecipação da divisão do trabalho, ocorrida apenas no século XIII, onde a farmácia foi separada oficialmente da medicina e considerada uma profissão.” (Informações transcritas do Wikipédia)

Pois sim. Dito e mostrado isso, a data serve de motivação para nos transportar de volta à infância, mais uma vez. E, como parte da nossa infância foi vivenciada ao lado dos avós, como poderia eu “deixar de fora” minha inesquecível Dona Doca Buretama?

Nossa casa, mais dela do que nossa – tanto que herdamos apenas os maravilhosos momentos vivenciados juntos – era grande e cheia de cômodos, cada um com sua utilidade. Eram mantidas duas “camarinhas”: uma, onde ela e Vovô dormiam e provavelmente faziam traquinagens antes de dormir; e outra, onde ela escondia as cumbucas cheias de ovos de galinha caipira, das patas e das peruas e nacos generosos de rapaduras.

Cocadas brancas e pretas – as verdadeiras cerejas do dia

A gente nunca sabia o motivo, mas via que, no dia 26 de setembro Vovó pegava alguns cocos, abria cada um em duas quengas, pegava o raspador manual (uma concha dentada) e se punha a preparar os ingredientes das cocadas. Para a cocada branca usava o açúcar branco e, para a cocada preta, usava a rapadura. Não dava para dispensar.

Em vez de distribuir senhas para entregar os doces, avisava aos gritos para que todos os netos e demais parentes viessem no dia seguinte, 27, participar da distribuição das guloseimas em comemoração ao dia de São Cosme e Damião. Eram para nós, santos desconhecidos, haja vista que, para aquelas bandas só se ouvia os nomes de São José, o santo das chuvas; São Francisco de Canindé, o milagreiro da cidade próxima; e, claro, Jesus Cristo, a quem adorávamos e até jejuávamos por uma semana na Semana Santa.

Adolescentes felizes com sacolas de bombons

A mudança para a chamada cidade grande não mudou muito nossa rotina quando se aproximava esse dia. Apenas perdemos o incentivo à curiosidade de tentar descobrir quantos pedaços de rapadura e quantas cocadas Vovó daria para cada neto. Nosso foco passou a ser uma tal distribuição de senha, um papelucho que nos garantia receber chocolates batom, maria-moles, pirulitos e jujubas.

Era uma correria danada e desenfreada no fim da tarde do dia 26. Os mais organizados e respeitosos formavam fila para a recepção da senha. Uma senha por família – não havia necessidade de enganar o benfazejo doador dos doces. Todos se respeitavam e se conheciam dos encontros de tantas tardes e noites brincando na ruas.

Em que pese ser o dia de São Cosme e Damião um festejo pagão que todos respeitavam, não se tinha notícia de missas ou outros tipos de celebrações. Era apenas a festa dos doces. Nada mais.

Maria-mole, uma verdadeira maravilha

Hoje, ao que se sabe, apenas as pessoas que frequentam candomblé, umbanda e outras crenças continuam distribuindo doces – mas há quem afirme que, em muitos locais onde há grande frequência, também se distribui, além de doces para as crianças, são postas fartas mesas de distribuição gratuita de comidas da culinária africana e nordestina.


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