Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Samba e Sambistas quarta, 19 de outubro de 2016

SAMBA, A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

SAMBA, A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA

Raimundo Floriano

 

 

                        O samba é gênero musical derivado de um tipo de dança de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. Dentre suas características originais, possuía dança acompanhada por pequenas frases melódicas e refrãos de criação anônima, com alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano

 

                        Apesar de resultante das estruturas musicais europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra brasileira que o samba se alastrou pelo território nacional. Embora houvesse variadas formas de samba no Brasil – não apenas na Bahia, como também no Maranhão, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São Paulo–, sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba, como gênero musical, é entendido como expressão musical urbana surgida no início do século XX na cidade do Rio de Janeiro, nas casas das chamadas "tias baianas" — migrantes da Bahia —, quando o samba de roda, entrando em contato com outros gêneros musicais populares entre os cariocas, como a polca, o maxixe, o lundu e o xote, fez nascer um gênero de caráter totalmente singular.

 

                        Um marco dentro da história moderna e urbana do samba ocorreu a 27 e novembro de 1916, no próprio Rio de Janeiro, com o registro em disco, pelo cantor Bahiano, de Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos, o Donga, e Mauro de Almeida, considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil, segundo os anais da Biblioteca Nacional. O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e popularização do samba como gênero musical.

 

Donga, Mauro de Almeida e Bahiano

 

                        Vamos ouvi-lo, na gravação original:

 

 

                        Neste ano de 2016, estamos comemorando, portanto, oficialmente, o Centenário do Samba. Ainda que já existisse desde tempos imemoriais, a palavra samba, no selo desse disco, marcou seu registro de nascimento. Na verdade, pelo andamento da gravação, parece-se mais com um maxixe, mas deixemos isso pra lá.

 

                        A partir de então, esse estilo de samba urbano surgido no Rio começou a ser propagado pelo país e, no ano de 1930, foi alçado da condição "local" à de símbolo da identidade nacional brasileira.

 

                        Inicialmente, o samba foi associado ao carnaval e, posteriormente, adquirindo um lugar próprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores, como Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha, Donga e Sinhô, mas seus sambas eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe. Os contornos modernos desse samba urbano carioca viriam somente no final da Década de 1920, a partir de inovações em duas frentes: com um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz e com compositores dos morros da cidade, como em Mangueira, Salgueiro e São Carlos.

 

Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô

 

                        Não por acaso, identifica-se esse formato de samba como genuíno ou de raiz. À medida em que o samba no Rio de Janeiro se consolidava como uma expressão musical urbana e moderna, ele passou a ser tocado em larga escala nas rádios, espalhando-se pelos morros cariocas e bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Inicialmente criminalizado e visto com preconceito, por suas origens negras, o samba conquistaria o público de classe média também.

 

                        O samba moderno urbano surgido a partir do início do século XX, no Rio de Janeiro, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, com aproveitamento consciente das possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias, de versos declamatórios.

 

                        Tradicionalmente, esse samba é tocado por instrumentos de corda – cavaquinho e diversos tipos de violão – e variados instrumentos de percussão, como o pandeiro, o surdo e o tamborim. Com o passar dos anos, outros instrumentos foram sendo assimilados, e se criaram novas vertentes oriundas dessa base urbana carioca do samba, que ganharam denominações próprias. Nesse pequeno apanhado, quero mostrar-lhes as categorias do samba mais conhecidas pelos brasileiros.

 

                        Sambão - Som pesado, bateria competente, este gênero é o mais apropriado para os dançarinos exibirem seus talentos individuais, o chamado samba no pé. Como exemplo, Sem Perdão, de Jorge Aragão, Nilton Barros e Sereno, Gravação de Alcione, em1982:

 

 

                        Samba Carnavalesco - Também dançante, outrora cantado nos clubes e nos blocos de sujos pelos foliões, geralmente é esquecido no Carnaval seguinte, não sendo o caso deste, Pra Seu Governo, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, que ficou para sempre, na voz de Gilberto Milfont, lançado em 1951:

 

 

                        Samba de Meio de Ano - Abrange também o pagode. Para ser cantado, muito apreciado nos tempos em que ainda se dançava agarradinho. Como amostra, aí vai Última Chance, de Roberto Martins e Mário Rossi, na voz de Gilberto Alves, lançado em 1946:

 

 

                        Samba-enredo - Conta musicalmente o tema imaginado pelo Carnavalesco para o desfile da Escola de Samba, como este Festa Para Um Rei Negro, ou Pega no Ganzê, de Zuzuca, enredo do Salgueiro, na voz de Jair Rodrigues, lançado em 1971:

 

 

                        Samba-canção - Neste gênero, a ênfase musical recai sobre a melodia, geralmente romântica e sentimental, contribuindo para amolecer o ritmo, como em A Volta do Boêmio, de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, lançado em1956:

 

                        Samba de Breque - Acentuadamente sincopada, com paradas súbitas chamadas breque, do Inglês break, nome popularizado no Brasil para freios de automóvel, dando tempo ao cantor para encaixar comentários, como em Baile da Piedade, de Raul Marques e Jorge Veiga, que o interpreta, gravação de 1947:

 

                        Samba-exaltação: Gênero de melodia extensa e letra de tema patriótico, cuja ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral, que busca um caráter de grandiosidade, como em Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, lançado em 1939, aqui na interpretação de Gilberto Milfont e Núbia Lafayette:

 

 

                        Samba Nordestino - Geralmente trazendo como tema amores desfeitos, relações mal resolvidas, a chamada dor de corno, muito bem representado em Pra Não Morrer de Tristeza, de João Silva e K-Boclinho, composição de 1989, aqui na voz de Ney Matogrosso:

 

 

                        Partido Alto - No partido alto, correspondente à expressão alto gabarito, exibe-se a capacidade de improvisação do intérprete, depois do refrão fixo, como em Saudades da República, de Artúlio Reis, aqui apresentado por Luiz Ayrão, gravação de 1974:

 

 

                        Outras denominações como samba de gafeira, samba-choro, samba de quadra, samba de terreiro, samba de latada, samba-batido, samba-chulado, samba-corrido, samba-de-chave, samba-de-lenço, sambalada, sambalanço, etc., nada mais são que variações dos acima apresentados.


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