Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão segunda, 13 de setembro de 2021

RUTH DE SOUZA: BIOGRAFIA RESGATA VIDA E OBRA DA ARTISTA

Biografia resgata vida e obra de Ruth de Souza

'Ruth de Souza - A Menina dos Vaga-Lumes: 100 Anos de História', do jornalista Ygor Kassab, traz panorama sobre influência da atriz, que morreu em 2019, aos 98 anos

Bruno Cavalcanti, Especial para o Estadão

13 de setembro de 2021 | 05h00

Foi assistindo às participações esporádicas da atriz Ruth de Souza em programas de TV ao longo dos anos que o jovem jornalista e escritor paulistano Ygor Kassab se viu interessado pela figura dessa atriz que, aos mais de 90 anos de idade, ainda despertava um efeito magnético no público.

 

Ruth de Souza
Ruth de Souza Foto: Madalena Schwartz/Divulgação 

“Meu encantamento veio do fato de ela sempre ter uma força humana e artística diante de uma realidade social tão conflitante”, conta Kassab que, desde 2014, vinha se aprofundando na vida e na trajetória da atriz morta em 2019, aos 98 anos. Ele lança agora Ruth de Souza – A Menina dos Vaga-Lumes: 100 Anos de História, a primeira biografia póstuma da artista e o primeiro livro a traçar um panorama da influência da atriz no cenário cultural brasileiro, um tipo de análise que o próprio jornalista sentia falta. 

“Falta uma bibliografia robusta acerca da história da dona Ruth”, observa. “E essa falta tem vários fatores envolvidos. Primeiro, o racismo. A carreira dela sofreu impactos enormes devido à discriminação. Os papéis dados para dona Ruth, em sua maioria, eram pequenos e com poucas falas. Eram personagens servis ou marginalizados, como empregadas domésticas, lavradoras, damas de companhia e escravas. Esse estereótipo fez com que ela tivesse um ‘reconhecimento público’ menos badalado. E, claro, há a questão da falta de incentivo à educação e à cultura. O resgate cultural nunca foi algo muito lembrado nas políticas governamentais, haja visto o desprestígio de prédios históricos e teatros, além do descaso com a aposentadoria dos artistas.”

 

Ruth de Souza e Milton Gonçalves em
Ruth de Souza e Milton Gonçalves em 'O Bem Amado' Foto: Divulgação

Lançado pela Giostri Edições, Ruth de Souza – A Menina dos Vaga-Lumes busca mesclar as passagens da vida da atriz com depoimentos de colegas e avaliações críticas de nomes como Décio de Almeida Prado e Sábato Magaldi, jornalistas responsáveis por buscar o resgate e a valorização do trabalho teatral e cinematográfico da atriz.

Ao longo de cinco anos, Kassab conseguiu não apenas um levantamento farto de material, mas também depoimentos de figuras como Ignácio de Loyola Brandão, Amir Haddad, Léa Garcia, Zezé Motta, Haroldo Costa, Renata Sorrah, Karin Rodrigues, além de Nicette Bruno e da própria Ruth de Souza, que deu sua bênção para este projeto.

 

Ruth de Souza e Zezé Motta
Ruth de Souza e Zezé Motta em foto de 1984, ano em que interpretaram Jussara e Sônia, mãe e filha em 'Corpo a Corpo'.
  Foto: Globo / Divulgação

“O processo de pesquisa foi árduo, porque fiz muitas consultas e transcrições, e foi necessária uma minúcia muito grande para selecionar e encaixar no texto esses recortes. Mas é como bordar. É preciso ter muita desenvoltura e paciência para costurar as letras para o conjunto da obra ficar harmonioso”, comenta o autor.

“Foram cinco anos até a publicação do livro. Os primeiros dois anos foram apenas de pesquisas e os outros uma mescla entre escrever e me manter pesquisando. Eu queria fazer um trabalho diferente, que pudesse trazer um panorama crítico sobre ela que ninguém conhecesse. Então, busquei trazer à luz documentos históricos que atestam e enaltecem o grande valor que ela ainda possui nas artes cênicas do Brasil, valor esse que ela não teve em vida, apesar das homenagens.”

A saída pacífica de cena da artista, aos 98 anos, entretanto, deixou uma dívida social engasgada. Dívida essa que o autor busca sempre manter viva para que não se repita. “Faltou a ela receber um papel maior, que estivesse à altura de seu talento”, ele diz. O jornalista, contudo, enxerga na sociedade uma possibilidade de, hoje, valorizar com mais propriedade as figuras negras atuantes na cultura. Esse é, na visão de Kassab, também o legado deixado por Ruth de Souza.

 

Ruth de Souza
Ruth de Souza Foto: Lenise Pinheiro/Divulgação

“É a resistência. Há uma frase que ela costumava dizer e eu acredito que traduz muito bem toda essa situação: ‘Podem dizer que você não pode fazer algo, mas, se você quiser, irá fazer’. E, no Brasil, para fazer arte é preciso ter essa resistência de querer fazer”, comenta.

Autor de dois livros de poesia, lançados em 2017 e 2019, Ygor Kassab encerra a biografia de Ruth de Souza com um poema inédito dedicado à atriz que lhe acendeu o desejo de abrir os caminhos para a pesquisa e o resgate histórico de figuras marginalizadas na história cultural brasileira. Em sua lista, consta ainda o desejo de biografar nomes como Haroldo Barbosa e Léa Garcia, além de duas figuras do período da monarquia brasileira: as imperatrizes Leopoldina e Teresa Cristina.

 

Capa do livro
Capa do livro 'Ruth de Souza - A Menina dos Vaga-Lumes', de Ygor Kassab Foto: Editora Giostri/Divulgação

10 fatos marcantes sobre Ruth de Souza

1. Em 1945, é a primeira atriz negra a pisar no palco do Theatro Municipal do Rio para encenar O Imperador Jone, de Eugene O’Neill.

2. Em 1949, ao participar do Festival Shakespeare, se torna a primeira atriz negra a interpretar Desdêmona, em Otelo.

3. Em 1950, é contratada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz e participa de Ângela (1951), Terra é Sempre Terra (1952) e do clássico Sinhá Moça (1953).

4. Em 1954, por seu desempenho em Sinhá Moça, torna-se a primeira atriz brasileira a ser indicada ao Leão de Ouro, no Festival de Veneza, perdendo por dois pontos.

5. Com a indicação ao Leão de Ouro, torna-se a primeira artista negra a estampar a capa da Manchete, em 1954.

 

Ruth de Souza, Rosa Parisi, Leila Parisi, Cacilda Becker, Marisa Prado, Tonia Carrero, Marina Freire, Inezita Barroso e Eliane Lage na estreia da peça
Ruth de Souza, Rosa Parisi, Leila Parisi, Cacilda Becker, Marisa Prado, Tonia Carrero, Marina Freire, Inezita Barroso e Eliane Lage na estreia da peça 'Angela' Foto: Arquivo/Estadão

6. Em 1951, compôs o elenco fixo na TV Tupi, sendo voz importante para que fosse levado ao ar o primeiro teleteatro estrelado apenas por atores negros na TV nacional.

7. Em 1961, assume o papel de Carolina Maria de Jesus na encenação de Quarto de Despejo. Foi o papel preferido da atriz, que considerava essa sua melhor interpretação.

8. Em 1969, deu vida à primeira protagonista negra de uma novela da TV Globo, A Cabana do Pai Tomás, de Hedy Maia inspirada em livro de Harriet Beecher Stowe.

9. Em 1988, recebe das mãos do presidente José Sarney a Comenda do Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco, uma das mais altas distinções governamentais.

10. Em fevereiro de 2019, cinco meses antes de morrer, foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, do Rio de Janeiro.

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros