ROUBO EM STONEHENGE – PARTE III (CRAIG RHOS-Y-FELIN E AS PEDRAS)
Compilação por Robson José Calixto
Quando algum fã da série “Outlander”, como eu, vê o termo Craig Rhos-y-felin, logo se lembra de Craigh na Dun, espécie de resquício de pedras monolíticas na posição vertical, componentes de algum templo ou monumento, na Escócia, de onde a personagem Claire Beauchamp (uma bruxa?) costuma utilizar para suas viagens no tempo com destino ao século 18, bastando um rodopio forte dos silfos e toque em uma das pedras.
Craig Rhos-y-felin, no sul do País de Gales, em 2011, foi definida como a principal fonte, pedreira, mina, das pedras azul-acinzentadas que compõem Stonehenge. Essas pedras ígneas vulcânicas possuem grande quantidade de quartzo, são conhecidas como riolitos, possuindo arranjo mineral específico (“fabric” ou textura fluidal) orientado pela movimentação da lava.
As pedras menores (de 4 metros e cerca de 2 toneladas) vieram das montanhas Preseli, na localidade de Clynderwen, no oeste do País de Gales. Agora, como essas pedras foram movidas ao longo de mais de 140 milhas, dependendo da fonte de consulta, é motivo de muita controvérsia, mas sabe-se que movimentações glaciares devem ter facilitado o processo de transposição. Já as pedras sarracenas vieram de um arco de 20 milhas na planície de Salisbury.
Existem três hipóteses mais concretas sobre a transposição das pedras do oeste do País de Gales até Stonehenge, na Inglaterra. Uma seria bordejando a linha marítima, com trajeto bem mais longo, passando por Swansea, Cardiff, Penzanse, Torbay e Dorchester. Outra seria em parte costeira e parte continental, passando por Swansea, Cardiff e Newport. A terceira via continente, partindo das montanhas Preseli, passando por Carmathen, na altura de Gloucester e Bristol, até Stonehenge. As pedras de 4 metros e 2 toneladas podem ter sido movidas a partir de suas colocações em cima de toras de madeiras rolantes, mesmo um monólito.
Nada disso seria conseguido, para alguns estudiosos, se não houvesse integração de diversas comunidades ao longo do caminho, que testemunharam o espetáculo de todo esforço e toda a movimentação demandada, favorecendo com que as pedras fossem passadas de comunidade para comunidade. Para esses estudiosos a linha de comunicação estabelecida e a construção do monumento Stonehenge teriam o sentido de unificação política dessas comunidades ou o alcance de acordo de paz, com características sagradas.
Há relativamente poucas evidências de lascas na pedreira de Craig Rhos-y-felin para indicar os métodos usados para extrair monólitos de 4 metros das faces das rochas. Tampouco há evidência de fogo para dividir os monólitos da rocha, como era feito nos Alpes italianos do norte, onde era usado para destacar longos flocos térmicos de pedregulhos de jadeíta (mineral piroxênico e bem duro) para fazer as lâminas nas pontas dos machados.
Parece provável que os monólitos foram extraídos pela exploração de fissuras preexistentes nas rochas, martelando-as com cunhas de madeira e talvez aumentando as próprias fissuras para permitir o acesso das cunhas.
Stonehenge é o único círculo de pedras na Grã-Bretanha com pedras lavradas, nos formatos e nos tamanhos desejados. Evidência atual sugere que isso aconteceu muito tempo depois que as pedras azuis-acinzentadas chegaram ao local. A maioria dessas pedras nunca foi lavrada. As que foram formam o arranjo interno de ferradura que compartilham padrão similar ao dos trilitons, mas não do círculo sarraceno. Parece que a lavra simultânea aconteceu provavelmente por volta de 2.780 a 2.485 aC.
Fim da Parte III
Esse texto foi escrito completamente baseado em:
Craig Rhos-y-felin: a Welsh bluestone megalith quarry for Stonehenge - Mike Parker Pearson, Richard Bevins, Rob Ixer, Joshua Pollard, Colin Richards, Kate Welham, Ben Chan, Kevan Edinborough, Derek Hamilton, Richard Macphail, Duncan Schlee, Jean-Luc Schwenninger, Ellen Simmons & Martin Smith.
Brasília,19 de outubro de 2019