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"Agradeço à população de Brasília, que sempre confiou em mim e me deu condições de fazer tudo o que fiz"
Joaquim Roriz, em sua última aparição pública, em 4 de agosto de 2015 |
Quando o assunto é Joaquim Domingos Roriz, não existe meio termo. O político mais importante da história do Distrito Federal era adorado por alguns com devoção quase religiosa. Por outros, era chamado de populista e demagogo. Entre as duas correntes, um consenso: nenhum brasiliense é indiferente à história do ex-governador, que comandou a capital por quatro vezes e se orgulhava de nunca ter perdido uma eleição.
Joaquim Roriz morreu ontem, aos 82 anos, depois de conviver por uma década com um quadro grave de insuficiência renal. O patriarca da família deixa a viúva, Weslian, com quem era casado há 58 anos, três filhas, Wesliane, Jaqueline e Liliane, e quatro netos. Também deixou órfãos milhares de candangos, especialmente moradores de cidades criadas por ele, que o chamam carinhosamente de “pai Roriz”. O enterro será hoje, às 11h, no Cemitério Campo da Esperança.
Depois de três paradas cardíacas e de uma traqueostomia, o coração do ex-governador parou de bater às 7h50 do Dia de São Vicente de Paulo, conhecido como guardião dos pobres. O corpo foi velado no Memorial JK, em uma cerimônia que traduziu sua ligação próxima com o povo da capital federal e mostrou sua força política.
Cobertas por bandeiras azuis de campanhas passadas, estampadas com o nome de Roriz, ou com fotos do ídolo nas mãos, milhares de pessoas esperaram sob o sol forte a vez de dizer adeus. Pelo menos duas mulheres passaram mal e desmaiaram, uma delas ao lado do caixão. Entre orações, lágrimas e lamentos, anônimos cruzaram o corredor do Memorial para a última homenagem.
Tristeza
A disposição do desempregado Sebastião Barbosa, 61 anos, traduzia a devoção popular com relação ao político. Ele não se satisfez com apenas um adeus e enfrentou a fila duas vezes para ver o corpo de Joaquim Roriz. “Eu Já perdi a minha mãe e o meu pai. Mas a tristeza hoje é diferente”, explicou. Sebastião chegou à capital em 1962, e teve a adolescência marcada por invasões. “Até que o Roriz me deu uma casa. Depois disso, independentemente do partido, eu sempre estava nos comícios dele, porque ele era um cara humilde, ajudava os pobres”.
Familiares
O homem que marcou a história política do Distrito Federal — e que apreciava percorrer as ruas das cidades em busca de votos — morreu a apenas 10 dias das eleições. Sete candidatos ao governo compareceram à despedida, além de parlamentares, antigos colaboradores, amigos e familiares. Vestidos de preto, filhas e netos permaneceram ao lado do caixão durante quase todo o velório.
Dona Weslian, devastada pela perda do companheiro de quase seis décadas, só chegou ao local depois das 17h e precisou de amparo. Liliane Roriz, a caçula do patriarca, traduziu o sentimento da família. “Não tem político que cuidou mais de Brasília do que meu pai. Então, quero convidar Brasília para se despedir de Roriz, esse homem tão querido e que tanto fez pela cidade. Será uma despedida difícil, mas espero que Brasília nunca o esqueça.”
Vida política
» Vereador de Luziânia: 1962 a 1965
» Deputado estadual de Goiás: 1979 a 1982
» Deputado federal por Goiás: 1983 a 1986
» Prefeito interventor de Goiânia: 1987
» Vice-governador de Goiás: 1987 a 1988
» Ministro da Agricultura: (15/3/1990 a 30/3/1990)
» Governador indicado por Sarney: 1988 a 1990
» Governador do DF: 1991 a 1994 DF (eleito)
» Governador do DF: 1999 a 2002 DF (eleito)
» Governador do DF: 2003 a 2006 DF (eleito)
» Senador: 2007
» Candidato ao governo: 2010
» Desistência da candidatura e lançamento de Dona Weslian: 2010
Vida pessoal
» Nascimento: 4 de agosto de 1936
» Local de nascimento: Luziânia
» Pais: Lucena Roriz e Jerzuleta de Aguiar Roriz
» Casado com Weslian do Perpetuo Socorro Peles Roriz desde 1960
» Filhos: Wesliane, Jaqueline e Liliane
» Netos: Bárbara Maria, Juliano, Rodrigo e Joaquim Neto