Entre os frequentadores da Bodega do Cearense, destaco Romero Guerra com as suas tiradas impagáveis e o seu humor vertical.
Estávamos todos num fim de sexta-feira, na nossa predileta mesa que ficava em baixo de um dos sombreiros, quando chegou “Bebinho”, corruptela de Baby, dada a Cecil Brotherood.
Descendente de nobre sangue inglês, Bebinho é louro, magrinho, estatura mediana. Fino, educado e gente boa, estranhava vez por outra os “amigos de copo e de cruz”, mas nada que causasse mal-estar, uma vez que logo recuperava o bom humor e a gentileza de sempre.
Bebinho chega, puxa uma cadeira e senta, quando Romero intervém:
– Bebinho, tu estás insuportável, ninguém te aguenta mais.
Bebinho não perdeu a pose e ainda desafiou, conclamando a mesa:
– Zelito, eu sou chato?
– Não.
– Paulo Fázio, eu sou chato?
– É não.
– Ismar, eu sou chato?
– De jeito nenhum.
Bebinho, vitorioso, virou-se pra Romero:
– E agora, quem é chato aqui?
E Romero, sem perder a linha:
– Bota em votação secreta, pra ver se tu não te lasca.