Um amigo meu do Recife, nunca da-onça, vizinho de consultório de uma psicoterapeuta, encantou-se com um texto por ela recentemente escrito nas redes sociais, quando da apresentação de uma terapia amplificadora da auto-estima.
O escrito reflete uma meta-sonho, exposta por ser humano sintonizado com os arcabouços situacionais que viabilizam caminhares mais consequentes, menos negativistas, mais consentâneos com as múltiplas confianças depositadas nos ômegas chardinianos. Seguramente, foi escrito por alguém que bem conhece o estilo literário de Jorge Luis Borges, um dos notáveis intérpretes da alma latinoamericana, pois o texto revela grandezas, agigantando uma parceria assumidamente sincera.
A espinha dorsal do que foi apresentado merece ser aqui reproduzido, sem acréscimos nem interpretações, a autora se dirigindo ao ente muito amado, no Dia dos Pais:
“Eu gostaria muito que, no nosso diuturno ambiente de convívio, os meus projetos fossem a concretização dos teus sonhos. Neles, tentaria criar um ambiente harmônico, tranquilo e com um tempero de muita paz. Combinaria o tecido das cortinas com a luz do céu. A cor das paredes seria a mesma do teu estado de espírito. A colcha de nossa cama, sem dúvida alguma, a refletir a imensidão do teu prazer.
Nos diversos cômodos da casa colocaria objetos que mais nitidamente te revelassem. Na toalha da mesa eu espelharia teus sentimentos mais profundos, juntamente com os teus momentos mais calmos, sem jamais procurar desmerecer, pelos quatro cantos das peças, os teus instantes mais tormentosos.
No nosso banheiro, eu combinaria as toalhas de corpo e de mão com a tua sensualidade, como que mesclando tua indomada ousadia com teus períodos de restauradora castidade.
Os nossos porta-retratos refletiriam teus momentos mais significativos, sempre acompanhados dos teus demônios e dos teus anjos da guarda. E em cada canto de nossa casa depositaria um punhado de muito bom humor, para que a alegria nunca te abandonasse, sem esquecer uma pitada de nostalgia, vacina eficaz contra sonhos exagerados.
Eu queria muito ver-te entrando em nossa casa intensamente vivo, com integral capacidade de chorar e rir, a sensibilidade jamais amesquinhada pelos punhais do cotidiano insalubre. E com uma vontade danada de mudar sempre para melhor, a esperança sendo o estandarte maior de nossa estrada.
Eu muito apreciaria poder olhar o mundo através dos teus olhos, jamais me relegando a segundo plano, agradecendo a Deus pela tua existência. Na certeza da plena e imorredoura fusão do côncavo e do convexo. Os meus dias sendo os teus dias, o meu viver sendo pedaço do teu caminhar. As minhas entranhas jamais desmerecendo o que foi por ti depositado. No meu dia, sou tua, sempre ampliando-te através do meu Amor ”.
Antes que alguma mente se explicite latrinamente, informo que a autora do texto acima é profissional conhecida pela sua luta a favor da igualdade dos direitos de todos. Radicalmente ainda a favor de todos os gêneros, credos e etnias, sem perder a ternura jamais, cheguevarianamente falando. E mãe arretada de ótima.
Acima das suas qualidades, a autora é ainda a co-autora da caminhada do seu amado, tornando-se magnífica por saber edificar um outro pedaço seu. Um pedaço que nela necessita se complementar, por não saber ser apenas simplesmente ele.