Dona Maria Lia Faria Cavalcanti – Rio de Janeiro, 28/Fev/1944
Viktor Emil Frankl-(1905-1997), famoso psiquiatra austríaco, que viveu as circunstâncias mais terríveis em campo de concentração, em meio ao caos perguntava: O que diante do desespero total, após ter perdido tudo, inclusive seus parentes mais queridos, o impedia de suicidar-se? O prazer de viver, amar, solidarizar e recordar!
Lembro essa indagação de um gênio da psiquiatria que quase tirou a vida em duro golpe do destino para dar razão à existência e abrir espaço para louvar um dos livros de reminiscências mais femininos que li nesses tempos de empoderamento feminino. Não é um livro sobre a revolução feminista, evolução da cirurgia plástica para retardar e tentar enganar a maturidade, deixando a mulher andrógena, mas um livro que relembra fatos pitorescos da vida de uma Dama que vive para viver, amar, ser amada pelos filhos que para ela, acredito, são uns verdadeiros Colossos de Rodes, pela honestidade e decência com que levam e vivem a existência, os sagrados preceitos do caráter humano!
Mãe de seis gênios da modéstia, da bondade, da retidão e de tudo que é mais hierático que se encontram no caráter humano, Dona Maria Lia Faria Cavalcanti, essa matriarca quiteriana que ainda se encontra tão bonita quanto a jovem da capa do livro das memórias, apesar dos noventa e dois anos de vida bem vividos, dizer que “a velhice é uma merda”, ter orgulho dos filhos, Maria Lia le Flaguais, que mora e trabalha em Paris, mas vivi viajando; Hebe Cavalcanti, doutora em matemática; Patrícia Arruda que, mesmo elegante, vive querendo emagrecer; Isis Costa Pinto, que trocou Boa Viagem por um sítio, buscando melhor qualidade de vida; José Roberto Cavalcanti, o irreverente Zeca, bom advogado, bom pai, e um dos últimos homens felizes do planeta; e o maior jurista do Brasil, principalmente como ser humano: Dr.º José Paulo Cavalcanti Filho, o filho da cara redonda mais parecido com a mãe.
Lendo Recordar é Viver, o leitor vai se deparar com a história fascinante de Dona Zulmira, filha do seu Guimarães e de Dona Cândida, mãe de Dona Maria Lia Faria Cavalcanti. Suas reminiscências e recordações da Bahia, menina-flor-de-lis, admirando o mar e a arquitetura dos prédios soteropolitanos. A deliciosa história das Casas da Banha. As ideias geniais de Dona Zulmira na sua mania obsessiva por asseio para deixar todos os móveis do lar limpos, nos trinques. Essas e outras deliciosas recordações estão no livro de memória de Dona Maria Lia, que o leitor vai se deliciar lendo-as, histórias por historias, todas datilografadas numa OLIVETTI!!
P:S: Lançado no dia 16 de março 2018, dia em que Dona Maria Lia Faria Cavalcanti fez 92 primaveras!
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