Inaugurado há uma semana com a proposta de desafogar o engarrafamento no centro da região administrativa, o túnel de Taguatinga — batizado de Rei Pelé — era aguardado há pelo menos três anos pela população. O Correio esteve na obra, que ainda não foi totalmente concluída, para conversar com motoristas, pedestres e comerciantes sobre as impressões e os impactos causados no trânsito local após a liberação das vias subterrâneas.
Assim como Ruan, o gerente de redes Victor Marinho, 33, também avalia com ponderação os impactos causados no trânsito após a inauguração. "Vamos esperar mais uns dias para ver se realmente vai ficar bom", pontua o morador de Taguatinga Norte, que usa o transporte público frequentemente para trabalhar no Plano Piloto. Circulando pela região há anos, ele opta por andar de metrô, mas comenta que conhece pessoas que estão deixando de passar pelo centro e pegando o metrô em Ceilândia para evitar a obra. "O fluxo de pessoas diminuiu no centro de Taguatinga. Esse horário era para ter mais gente", analisa, acrescentando que é necessário ainda fazer o acabamento da parte superior do túnel.
Para o entregador de aplicativo Gabriel Castilho, 21, o trânsito no horário da manhã está bom na região, mas piora no fim da tarde. "Depende do horário que as pessoas passam por aqui. Depois das 18h tem engarrafamento e acho que continua a mesma coisa ou até pior do que antes", frisa. O morador de Vicente Pires conta que, por causa das mudanças no trânsito, quase sofreu um acidente na semana passada. "Por mais que esteja de moto, continua difícil", ressalta.
Trabalhando como brigadista há três anos na Feira dos Importados de Taguatinga, Rafael Rodrigues, 31, vê o trânsito um pouco melhor após a abertura do Túnel Rei Pelé, mas destaca que o afunilamento das vias para quem desce a Via Estádio tem complicado a vida dos motoristas da região. "Além desse gargalo, tem a questão dos ônibus que, para mim, ficou um pouco desorganizado. Retiraram a parada que ficava próximo a feira e os ônibus param no meio da rua, impactando o trânsito", comenta. "Falta organização, porque a obra deveria melhorar o fluxo", conclui o morador de Ceilândia.
Fátimo de Moraes, 59, também critica a questão das paradas de ônibus na região. "Está confuso para quem precisa de transporte público. Muitas pessoas que vêm do Entorno param em pontos distantes e têm que andar muito. É o que ouço de reclamação", ressalta o atendente de um quiosque no centro de Taguatinga. Para ele, o trânsito vai melhorar mais quando os ônibus voltarem a passar pela área central, porque, no momento, estão circulando pela Avenida das Palmeiras. "Não terminou ainda essa obra, falta acabar essa parte de cima e arrumar a pista exclusiva dos ônibus para vermos como fica a situação toda", avalia o morador da região.
A aposentada Maria José Costa, 61, estava curiosa para ver por dentro do túnel. "Não vi ainda como ficou a obra e quero aproveitar para passar", comenta a moradora de Samambaia Sul, enquanto abastecia em um posto na região central de Taguatinga. Ela conta que, quando ainda estava em obras, passou pelo centro e encarou muito trânsito. "Estava terrível. Agora está mais tranquilo, como ainda falta finalizar, acho que pode melhorar ainda mais, com certeza", salienta, completando que, ao olhar para a parte superior, ainda parece inacabado e é necessário aguardar para ver a conclusão.