REFLEXÕES SOBRE A SÉRIE “13 REASONS WHY”
Robson José Calixto
Nas últimas semanas, tenho lido algumas crônicas sobre a série da Netflix, produzida pela cantora Selena Gomez, aparecendo em posts nas primeiras páginas de jornais e sites de mídia, nas colunas sobre entretenimento.
As chamadas dessas matérias focam a série como enredo sobre um caso de “bullying” na escola. Ver, entender e locar a série como esse estereótipo é de profundo reducionismo. A série começa abordando um ato de suicídio, mais vai muito, além disso. É sobre sexo, gênero e estupro. É sobre as fragilidades humanas, sobre calar-se e não procurar ajudar ou procurar e não plenamente explicitar os fatos e as verdades para se alcançá-la. É sobre querer falar a verdade, a tua verdade e na querem ouvir, preferindo se ficar com a própria interpretação sobre os acontecimentos, apesar de existirem informações assimétricas.
A série é sobre preconceito, vaidades – A Fogueira das Vaidades -, sobre ostentação, relações de poder. Muito do que acontece nas escolas americanas e se reproduz nas brasileiras. É sobre o mundo da internet imperando sobre a vida real, sobre as relações reais, criando um mundo virtual, de sentimentos virtuais, descolado da vida como ela realmente é, de seres humanos imperfeitos, que tem corpos, ilusões, utopias, sonhos, desesperos, mentiras, segredos, de pessoas que sentem inveja, amam e se odeiam, contudo, precisam se sentir abraçadas, acarinhadas, seguras.
Parece que na Nova Zelândia estão proibindo a série para menores de 18 anos. Penso que a série serve de alerta e muita reflexão para adolescentes, educadores, orientadores educacionais, pais e autoridades com a legitimidade do uso da força.
A série em seu ritmo poderia ser mais dinâmica; os capítulos poderiam ser menores, mas é boa. A personagem principal, Hanna, é frágil, complexa, fraca, insegura, vítima e algoz. Seu par, Clay, tímido, inseguro, gente boa e meio nerd. Os dois são cercados de “amigos” egocêntricos, fingidos, mentirosos, mal resolvidos, de personalidades enviesadas e prepotentes. A atriz não é tão bonita assim, todavia tem um quê interno que a torna atraente e nos conquista. O ator tem problemas para expressar facialmente o que sente, precisando de maior confiança em sua expressividade.
O capítulo final deixa ganchos excelentes ao menos para mais um ano da série. Os mortos sempre falam, não importa o tempo que passar.
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