REFLEXÕES SOBRE A PRESERVAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA NO PLANETA (CRÔNICA DO ARQUITETO FLORIANENSE NILSON COELHO)
Arquiteto Nilson Coelho
Reflexões sobre a Preservação das Condições de Vida no Planeta: Uma Desconstrução Necessária
A preservação das condições de vida no planeta é um desafio premente que exige uma reavaliação crítica da forma como interpretamos nossa relação com a natureza, o tempo e, consequentemente, a própria ideia de "progresso".
É necessário que se faça uma reflexão sobre a necessidade de desconstruir as lentes através das quais têm sido moldados nossos valores e práticas, a fim de garantir não apenas a sobrevivência das atuais gerações, mas também a qualidade de vida das futuras.
Um dos principais fatores que contribui para a degradação ambiental nas sociedades contemporâneas é o neoliberalismo, um modelo econômico que prioriza a desregulamentação dos mercados, a privatização de recursos naturais e a maximização do lucro a qualquer custo.
Este paradigma tem potencializado a exploração desenfreada dos recursos naturais, frequentemente à custa de ecossistemas inteiros, levando à perda da biodiversidade e ao esgotamento de fontes essenciais de vida.
A lógica neoliberal promove uma visão antropocêntrica da natureza, onde a terra e suas riquezas são vistas predominantemente como ativos a serem monetizados. Essa abordagem ignora não apenas as interconexões ecológicas, mas também o valor intrínseco da natureza.
A ênfase na eficiência econômica e na competitividade muitas vezes resulta em práticas predatórias, como a exploração de petróleo, mineração e desmatamento, sem considerações adequadas sobre os impactos ambientais e sociais que podem resultar dessas ações.
Adicionalmente, o neoliberalismo tem ampliado o imediatismo nas decisões econômicas, favorecendo lucros de curto prazo em detrimento do planejamento sustentável e da responsabilidade ambiental.
Essa mentalidade se reflete na extração de recursos que, embora promova crescimento econômico temporário, compromete a saúde a longo prazo do planeta e das comunidades que dependem desses recursos. A pressão por resultados rápidos perpetua um ciclo vicioso de degradação ambiental, onde as consequências de nossos atos são frequentemente ignoradas ou minimizadas.
Além disso, é necessário uma reformulação do conceito de tempo que orienta nossas decisões. O aceleração do tempo dos negócios, impulsionado por essa lógica neoliberal, gera um desapego às consequências futuras das ações presentes.
A busca incessante por resultados rápidos e pelo crescimento econômico a qualquer custo desconsidera as repercussões a longo prazo na saúde do meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas.
Um enfoque sustentável requer uma visão temporal que valorize o legado que deixamos para as futuras gerações, promovendo uma cultura de responsabilidade intergeracional.
Por fim, a ideia de "progresso" frequentemente associada ao desenvolvimento econômico deve ser desconstruída. O neoliberalismo apresenta o progresso como um conceito linear, medido por indicadores econômicos como PIB, sem considerar as suas implicações sociais e ambientais. O progresso não pode ser reduzido apenas ao aumento da produção e do consumo, mas deve abarcar melhorias sociais, a equidade e a preservação ambiental. É imprescindível formar cidadãos críticos que compreendam que o verdadeiro progresso está ligado ao bem-estar coletivo e à saúde do planeta.
Nesse contexto, para preservar as condições de vida no planeta e garantir seu usufruto futuro, é imprescindível desconstruir as lentes através das quais interpretamos nossa relação com a natureza, o tempo e a ideia de progresso. A construção de um futuro sustentável requer um esforço conjunto, envolvendo educação, políticas públicas e a conscientização da sociedade civil.
Somente através dessa transformação de paradigmas e da crítica ao modelo neoliberal podemos garantir um legado saudável e justo para as próximas gerações, alinhando nossas práticas à sabedoria que a natureza nos ensina.