RECEITA PARA EMAGRECER
Raimundo Floriano
O Gordo e o Magro: sucesso no cinema
Atividade! Atividade Sempre! Este foi o lema que me foi transmitido pelo saudoso amigo cearense Deputado Januário Feitosa: – Meu caro, não deixo passar em branco o tempo que Deus está me concedendo!
Seguindo sua trilha, desde 26.02.1991, quando fui aposentado, ingressei em nova etapa de minha vida, para a qual há muito tempo eu viera me preparando, qual seja, organizar meu acervo fonográfico e escrever sobre toda a experiência alcançada até ali. Dez anos depois, atendendo a imposição médica, passei a malhar em academia, três vezes por semana, nas tardes das segundas, quartas e sextas-feiras. Mesmo assim, ainda me sobrava tempo ocioso, o que passei a preencher com pescarias, nas tardes das terças, quintas e sábados.
Diferentemente da maioria dos pescadores aposentados, que fazem expedições homéricas para locais extremamente piscosos como a Serra da Mesa e o Araguaia, mas retornam com peixes todos carimbados com códigos de barras, minhas pescarias eram aqui mesmo pertinho de casa, na ASBAC - Associação dos Servidores do Banco Central, a cujo quadro social pertenço, mercê de afinidade com um funcionário daquela estatal.
Localizada às margens do Lago Paranoá, cuja população de peixes cada vez aumenta mais, sua ribanceira é apropriada para a diversão pesqueira. Os peixes mais comuns pegados ali são a tilápia, a carpa e o tucunaré, este exigindo técnica especial para capturá-los. Com isca, usam-se carne, minhocas, angu de farinha, miolo de pão, piabas e, a mais apreciada, o boró, tipo de larva encontrada nas casas especializadas, vendidas como ração para aves.
O equipamento mais usado é simples: vara de mão e molinete. Em meu caso particular, empregava, na vara de mão, linha de cinco metros, com três anzóis encastoados, o que possibilitava pegar até três tilápias de cada vez, em dia de fartura. E também alguns molinetes com linha de cerca de 30 metros, que deixava fincados na espera.
A história que lhes vou contar, por ser conversa de pescador, poderia merecer até 90% de desconto. Eu digo poderia, porque é verídica, passada diante de testemunhas oculares, amigos que a presenciaram quando aconteceu: Hipérides Leandro Farias, Henry Cooper da Rocha e Luciana, sua mulher, falecido Hernandes Grillo, o Azulinho, e outros.
ASBAC - Vistas aéreas
Praticamente dentro da selva de pedra, como se pode ver nas fotos acima, e pegando peixe adoidado, era muito difícil para nós apreciarmos as maravilhas que a Natureza realizava em nosso derredor, principalmente com diversos pescadores zoológicos que lá se esforçavam na luta pela sobrevivência, ao contrário de nos outros, que o fazíamos apenas por farra, por diversão, para matar o tempo. Tanto que, em meu caso, os pescados eram distribuídos com as costureiras, cabeleireiras e manicures de minha Quadra, jamais os levando para casa. Até que um dia!
É meu costume, desde os tempos de menino, ao recolher qualquer linha para trocar a isca, dar uma ferra – puxão firme –, na esperança de surpreender algum peixe comendo de furto ou dando sopa no trajeto do anzol. Certo dia, ao recolher um molinete e executar a ferra, senti a barra pesar no fundo do lago. Cada vez eu girava a roldana, mais a presa se debatia. Os colegas ali por perto deixaram suas varas de lado para apreciar o tamanho peixe. Mas, oh! decepção!: tratava-se apenas de um pato! Depois de libertado, ele bateu asas e voltou para sua vidinha.
E foi quando passamos a dar atenção aos fenômenos naturais desencadeando-se a olhos vistos, sem que os percebêssemos. Os companheiros alados que exerciam os meios de prover sua subsistência, sem que até então os notássemos, eram de várias espécies: martins-pescadores, socós, garças, marrecos, gansos, patos pescadores, estes objeto de nossa observação mais acurada a partir de então.
Pato pescador abicanhando a presa
O pato pescador, em bandos, passa o dia inteirinho na faina de conseguir alimento, afastados uns 20 metros ou mais da margem do lago. Cada mergulho dura, no máximo 25 segundos. Quando consegue abicanhar a presa, na horizontal, leva-a para a superfície, a fim de degluti-la, conforme já explanei aqui, dia 19.08.13, no episódio O Socó e o Muçum - Lenda Balsense, como visto na figura acima. Em seguida, o pato maneja para abicanhá-la pela cabeça. Isso feito, joga -a para cima de forma que ela lhe caia de ponta-cabeça diretamente na goela. Tudo muito rápido pois, do contrário, vem uma garça e lhe arrebata o pitéu. Caso isso não ocorra, e com a presa no bucho, ele volta a mergulhar, caçando como se morto de fome estivesse.
O aguapé é uma planta aquática flutuante cultivada no Lago Paranoá para combater a poluição. Como emigra de um lado para o outro, formando imensas ilhas vegetais, ao sabor do vento, às vezes chega determinar que se suspendam as atividades, quando aportam na área de um pesqueiro.
Aguapés: a saúde do Lago Paranoá
Pois foi uma dessas ilhas que, em bela tarde ensolarada, vimos aproximar-se de nós. Alguém gritou: – Tem um pato se afogando naqueles aguapés!
Na verdade, dava para se ver o coitado do pato semimergulhado, com cabeça enganchada numa touceira, e o bumbum a agitar-se ao vento.
Outro costume que trago desde menino é o de mergulhar para desenganchar meus anzóis, quando preciso, com peixe ou não. Por isso, sempre estou vestido de sunga, e naquele dia não foi diferente. Sem pestanejar, caí n’água, nadei até os aguapés, resgatei o pato e arremessei-o na ribanceira, julgando morto, eis que, àquela altura, completamente inerte.
Imediatamente o Rocha – Henry Cooper – falou: – Vou levar ele para casa e fazer um bom guisado!
Eu até quis argumentar dizendo: – Porra, cara, esse pato só tem pena e osso, você já pegou duas carpas enormes hoje, será que vale que compensa perder tempo em cozinhá-lo?
Mas o Rocha fincou pé, e aí eu resolvi pesar o bicho com nossa balança de mola: um quilo e trezentos gramas! Só! Isso com as penas molhadas!
Irredutível, o Rocha arranjou uma cordinha e amarrou o cadáver do pato num pé de pau, temendo que alguém o carregasse, e se retirou para bem longe, no rumo do Píer 21, onde sempre pega grandes peixes, não sei com qual feitiço.
E nós, os colegas de pescaria, continuamos em nossa rotina de sempre. Passada uma boa hora, escutamos, repentinamente, um qüém-qüém!
Olhamos para onde vinha a zoada, e vimos o pato amarrado ciscando de um lado para outro, agitando as asas, debatendo-se para se libertar. Gritamos o Rocha, que veio na carreira. Aí, diante da surpresa de todos, baixou em mim o espírito de um de meus alter egos, o Doutor Mundico Trazendowski, quando usei da palavra:
– Amigo Rocha, a coisa agora mudou de figura. Eu salvei o pato do afogamento, julgava-o falecido, mas agora, diante de sua ressurreição, avoco para mim o direito de libertá-lo.
A nobreza de minha proposição foi aceita pelo Rocha, por Luciana, sua Mulher, pelo Hipérides, pelo Azulinho e outros ali presentes. Cumprindo o deliberado, o Rocha desamarrou o prisioneiro que, gritando qüém-qüem, saiu voando, dirigindo-se para a mesma área de onde fora resgatado, agora sem aguapés, e continuou na mesma vidinha, mergulhando e caçando, completamente esquecido da arriscosa aventura que acabara de protagonizar.
O tempo passa, o tempo voa, mas nossa requintada gastronomia está sempre numa boa! Um dia, aqui em casa, resolvemos convidar parentes e amigos para comer um pato no tucupi. Ficou a meu cargo a tarefa de comprar a ave.
Lá no Carrefour, deveras foi meu espanto ao conferir o tamanho dos patos à venda. O menor que encontrei, já depenado, pesava 2 quilos e quinhentos gramas.
Lembrei-me, então, do pato pescador de outrora, de como ele, alimentando-se somente de peixe, era magro, lépido e faceiro, voando como qualquer passarinho, diferentemente do pato de granja, criado com ração balanceada e, por isso mesmo, pesadão preguiçoso, incapaz de conseguir, por si, o próprio alimento, pregado ao chão, aguardando apenas a hora de servir de repasto em banquetes, tipo o que estávamos planejando.
Pato pescador e pato de granja: trabalho versus doce vida
Concluindo, aí vai meu conselho, justificativo do título desta matéria:
– Comam peixe! Peixe não engorda! Aliás, quem engorda é você!
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Aproveitando que o assunto aqui é esse gostaria de saber se alguém aí também conhece e ta fazendo o Hit Now?: http://nowfit.kpages.online/emagrecer?ref=U12168315R eu to fazendo a 4 semanas e to achando o resultado legal, já eliminei 9 kilos, pra quem ainda não conhece super indico.