Cartaz quando lançado em DVD
“RÁPIDA E MORTAL,” é dirigido pelo diretor americano Sam Raimi, famoso por dirigir a série de filmes do Homem-Aranha. Conta a história de uma mulher misteriosa, Ellen, que cavalga até a cidade fictícia de Redemption em busca do homem que a obrigou a atirar no seu pai quando criança. Ela vem para matar o poderoso xerife da cidade, o homem que tornou o lugarejo desolado por suas ações cruéis qual o deserto que agora ela atravessa para chegar lá. Mas os demônios que a levaram para este mortal conflito são os mesmos que a colocaram numa situação limite; e o estranho é que pode ser a única a cair morta ao final do acerto de contas. Estrelado por Sharon Stone no papel da atriz principal, ela é a mulher sedutora de homens em “Instinto Selvagem” e Gene Hackman, cinco vezes indicado ao Oscar, vencedor por duas vezes, numa atuação magistral como o xerife vingativo.
“Rápida e Mortal” é um faroeste que diverte. Não é uma obra-prima, mas diverte. Mas o pior é que o filme diverte mesmo. Prepare-se para tiroteios rápidos, vilões cruéis e caricatos, e mortes mais que dramáticas. O filme em si é exagerado, mas esta é a fórmula certa, o exagero para divertir. O diretor Sam Raimi conduziu a brincadeira certinha. Mas miss Stone estava bem à vontade, até porque o filme teve poder de barganha da loura. Ela mandava em Hollywood naquela época. Coadjuvantes de luxo do porte de Leonardo Di Caprio e Russel Crowe, mas mesmo assim o filme não decolou e caiu no esquecimento. O que fica de reflexão é porque Hollywood é tão injusta com seus mitos? Di Caprio e Crowe nesta época eram quase desconhecidos e Sharon era a rainha da cocada preta; hoje Crowe e Di Caprio figuram como os maiores astros de Hollywood enquanto a estrela de Sharon se apagou e a cocada preta um anjo torto comeu.
A coragem de Sam Raimi se afirma na confiança do protagonismo a uma mulher. Em território historicamente dominado por homens, no qual a mulher ou era submissa ou prostituta, surge cavalgando no horizonte a bela Ellen (Sharon Stone). Vestida de cowboy, arma no coldre, chapéu e aquele olhar ferino tipo “Estranho Sem Nome”, ela chega até a cidade de Redemption em busca da boa e velha vingança, tema abundante num período em que 09 entre 10 pessoas carregavam armas nas ruas e, não raro, davam vazão à raiva metendo bala na cabeça de alguém. No caso de Ellen, a desforra tem razões mais sombrias e remonta ao assassinato do pai, então Xerife, pelo bando de John Herod (Gene Hackman) que, claro, ela encontrará na cidadela com nome de premonição.
John Herod promove na ocasião um torneio de tiro, onde viver é sinal de vitória. Ele traz forçosamente o velho parceiro Cort (Russell Crowe) para a peleja, tirando-o da vida dedicada às pregações religiosas para lembrá-lo de seu passado assassino. Cort, rápido e letal, será uma espécie de suporte psicológico a Ellen. Além da vingança, outro tema trabalhado em Rápida e Mortal é a relação pai/filho, uma vez que Herod terá como oponente seu próprio filho Fee “The Kid”, (Leonardo Di Caprio), jovem ávido para provar ao pai seu valor, nem que para isso precise matá-lo em duelo.
Sam Raimi cozinha esse assado numa panela repleta de referências, sendo a principal delas o italiano Sérgio Leone, ícone do chamado spaghetti western, e o maior diretor de faroeste do Século XX. Entre filiar-se à tradição estadunidense e seguir a maior dramaticidade do bangue-bangue europeu, o diretor envereda visualmente pela segunda, muito mais próxima de seu itinerário estilístico repleto de ângulos insólitos e tipos marcados.
Mas Raimi não se propõe ao pastiche, dotando Rápida e Mortal de identidade própria e carimba com sua assinatura contumaz. Quiçá o problema (se isso for problema) maior do filme reside no eclipse da protagonista por dois personagens tão ou mais fortes que ela própria: Herod e Cort. Algo a ver com as interpretações contundentes de Gene Hackman e Russell Crowe, frente à burocrática Sharon Stone? Pode ser. Independente dessas questões, Rápida e Mortal é um filme que tem seus brios, empolgantes e cheios de energia. Se não trouxe nada de novo para o gênero, o resgatou dignamente do limbo.
Por isso, o filme possui várias qualidades, e uma delas é seu elenco impressivo. Dentre os atores presentes no filme, tem-se a presença de Sharon Stone, Gene Hackman, Leonardo DiCaprio e Russell Crowe, então o filme apresenta um conjunto de atores talentosos. Apesar de que na época o impacto de alguns desses nomes não ser o mesmo de hoje, já que o filme foi feito com o DiCaprio antes de fazer Titanic e Crowe antes de ganhar seu Oscar. Isso não tira o peso de suas performances. Mas é Hackman, que dá um show, com uma atuação que eleva o personagem que ele interpreta. Tem presença de tela e que sabe entregar ótimos diálogos.
Um dos pontos altos do filme são as cenas dos duelos, que são bem trabalhadas, e todas elas são distintas umas das outras, principalmente por causa do ritmo e da edição, que sempre varia e impede que as cenas pareçam repetitivas. O filme também é ótimo tecnicamente falando, já que possui ótimos cenários, com um design de produção coerente, assim como os figurinos, que combinam com a personalidade de seus personagens. A trilha de Alan Silvestri casa com o filme de forma perfeita, e a música tema do filme é bastante melódica e memorável.
“Rápido e Mortal”, é um faroeste trush divertido, apesar de ser um filme com mais estilo do que substância. Relevam-se todos os problemas com o roteiro e alguns personagens. São uma hora e trinta minutos que passam rápido e cumpre seu papel de entretenimento, para os que gostam do gênero spaghett western.
Trailer de Cinema de “Rápida e Mortal”
RÁPIDA E MORTAL (The Quick and the Dead, 1995) – Crítica