Foi por um jogo. Exatamente o último da temporada. Se Fernando Diniz tivesse conseguido o extraordinário — vencido o Manchester City na final do Mundial de Clubes da Fifa —, teria sido o sexto treinador agraciado com o prêmio de melhor do ano nos seis de existência do Ranking de Técnicos do GLOBO/Extra. Como não conseguiu, o prêmio pela primeira vez tem um bicampeão: Abel Ferreira, do Palmeiras, volta ao topo em que esteve em 2020.
Abel nunca esteve muito longe do primeiro lugar. Em 2021 e 2022, anos entre suas duas lideranças, ficou em segundo para Cuca, na época no Atlético-MG, e Dorival Júnior, pelo trabalho no Flamengo no ano passado. Fato é que, desde sua chegada ao Brasil, Abel Ferreira, no máximo, divide os holofotes de melhor do país com um companheiro de profissão. Foram três taças em 2023 (Supercopa do Brasil, Paulista e Brasileiro), contra duas de Fernando Diniz (Carioca e Libertadores).
Com regras que valorizam tanto o treinador que está com um longo trabalho, quanto o que faz um retumbante trabalho curto, o ranking de 2023 acabou por prestigiar o longo prazo. A classificação trouxe, nos quatro primeiros lugares, os quatro técnicos há mais tempo no cargo entre os principais clubes no país: Abel (3 anos e 1 mês no Palmeiras), Diniz (1 ano e 7 meses no Fluminense), Vojvoda (2 anos e meio no Fortaleza) e Renato Gaúcho (1 ano e 3 meses no Grêmio).
Diniz e Vojvoda, aliás, são estreantes no top 3. Ambos tinham conseguido, no máximo, um quinto lugar (em 2020 e 2021, respectivamente). Abel, além de se tornar o maior vencedor, isola-se também como o treinador com mais aparições no pódio, a quarta consecutiva, nas quatro temporadas à frente do Palmeiras. Renato Gaúcho, primeiro vencedor do ranking e que por três anos seguidos esteve no top 3, completa agora o mesmo período fora dele.
Com a vitória de Abel, somada a de Jorge Jesus em 2019, são três anos com um português como melhor técnico do ano no Brasil nos últimos seis. Mas a escalada da presença estrangeira se vê mesmo no top 10.
Quando o ranking foi criado, em 2018, nenhum estrangeiro apareceu entre os dez primeiros. No ano seguinte, já foram dois. Desde então, a presença gringa foi aumentando em um técnico por temporada, até que chegamos no ano passado, quando foram cinco técnicos de fora no top 10, contra cinco nacionais. Este ano, a virada. Já são mais estrangeiros que brasileiros entre os dez melhores no país: os portugueses Abel Ferreira, Pedro Caixinha e Luís Castro e os argentinos Juan Pablo Vojvoda, Eduardo Coudet e Jorge Sampaoli.
Como os pontos são calculados:
Entram no levantamento todos os treinadores efetivados no cargo em algum clube das séries A ou B do Brasileiro na temporada, e que tenham comandado o time em pelo menos seis meses. Para a pontuação, consideram-se todos os torneios oficiais da CBF, da Conmebol e da Fifa.
São atribuídas variáveis, de acordo com a dificuldade do torneio, para vitórias e empates nos jogos em que o treinador comandou a equipe. Também são atribuídos pontos para títulos e objetivos conquistados pelo treinador na temporada.
A soma total é calculada pelo total da pontuação (X) e a média de pontos por bimestre em que o treinador comandou o time (Y). O cálculo final de pontuação é feito na equação: X + 3Y, o que privilegia o técnico que trabalhou por mais tempo, mas não descarta os que fizeram bons trabalhos em curto período de tempo. Em caso de demissão ou quebra de contrato, o treinador perde 10% da pontuação total. Se passa uma temporada num só time, ganha 10%.