O queijo minas artesanal produzido na Serra da Canastra é um dos atrativos que têm fomentado o turismo na região. O roteiro, que passa por municípios que compõem o território da famosa serra mineira, faz parte do circuito Inverno em Minas, divulgado pelo governo do estado como um dos melhores para visitar no frio. Produzido artesanalmente e famoso em todo o mundo, o queijo canastra tem atraído turistas para a região, que também abriga a nascente do Rio São Francisco e é conhecida pela importância hidrográfica.
Em 2022, a enciclopédia gastronômica americana Taste Atlas classificou o queijo canastra como o melhor do mundo. Após o merecido destaque recebido, o governo de Minas pleiteou a candidatura ao título de patrimônio cultural imaterial da Humanidade. A Unesco aceitou o pedido de candidatura, que está sendo avaliado. No fim deste ano, em Assunção, no Paraguai, haverá uma nova reunião da Unesco onde o queijo minas artesanal produzido na Serra da Canastra deve ser reconhecido como patrimônio imaterial da Humanidade. Será o primeiro item gastronômico produzido no Brasil a receber o título. "Isso vai resultar em mais turismo, mais gastronomia e mais eventos", destacou o produtor de queijo João Carlos Leite, da queijaria Roça da Cidade, que fica em São Roque de Minas, um dos municípios que compõem o território da Serra da Canastra.
Outro município que compõe o território é São João Batista do Glória. O Correio visitou duas famosas queijarias localizadas na cidade. A primeira foi a Tradição Vilela, administrada por Laís Vilela com os pais Ebenézer e Luciana. As queijarias da região são administradas por famílias que tocam todo o ciclo de produção seguindo o caderno técnico determinado pelo Iphan, uma vez que o modo de produção do queijo é tombado. "Vimos no queijo canastra uma oportunidade de negócio", afirmou Laís, que é formada em administração e fez como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) uma análise da viabilidade técnica e operacional da queijaria, hoje uma das mais conhecidas da região.
Em Vargem Bonita, a Queijaria do Reinaldo Costa é outra referência na produção da iguaria. "Produzo queijo desde 1989 e tenho orgulho de ser um produtor de queijo da Serra da Canastra. Isso mudou minha vida. Sou mais feliz ainda por poder trabalhar com a minha família", disse Reinaldo Costa, que trabalha com o filho e a esposa.
Apesar de ter um caderno técnico a ser seguido na produção do queijo canastra, o gado, o clima, a água e outros fatores diferenciam os queijos produzidos em cada propriedade. Uma das exigências é que o processo seja todo artesanal, não é permitido usar prensa ou nenhum outro equipamento do tipo, tudo precisa ser manual. Além disso, o gado que produz o leite utilizado na produção deve ser criado na propriedade onde o queijo é feito. A principal orientação é quanto à maturação do queijo, que deve ser de 15 dias, no mínimo. A maturação torna o queijo canastra um produto livre de lactose, podendo ser consumido por intolerantes.
Com o objetivo de posicionar Minas Gerais como um dos principais destinos turísticos da estação, o governo do estado lançou a campanha Inverno em Minas. Até 22 de setembro, estão previstas mais de 500 ações em todo o território mineiro, com destaque para a gastronomia. O projeto conta com cinco circuitos, entre eles, o que passa pelo território da Serra da Canastra, carinhosamente conhecida como Mar de Minas.
O governador Romeu Zema destacou o crescimento do potencial turístico do estado. "Temos procurado mostrar para o Brasil e para o mundo tudo que temos de bom em Minas Gerais. Nosso turismo tem crescido acima da média do Brasil. O IBGE aponta que Minas Gerais representa 9,5% da economia brasileira. Há cinco anos, esse percentual era de 8,8%. Esse percentual de 0,7% pode parecer pouco, mas é equivalente a um estado como o Piauí", salientou.
A repórter viajou a convite do governo de Minas Gerais