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Guarda-chuva passou a servir como guarda-sol durante a seca
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A empresa de Simone mudou a carga horária para evitar que garis trabalhem sob o Sol da tarde
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Você se lembra quando foi a última vez que se molhou com a chuva em Brasília ou precisou recorrer àquela sombrinha que fica na bolsa para não encharcar a roupa? É preciso voltar meses no tempo. Hoje, quando a temperatura máxima será de 32ºC e a umidade pode chegar a 20%, o Distrito Federal completa a marca de 100 dias sem chuva. E se não está fácil aguentar o Sol quente, seja em casa, no escritório , seja em escolas e faculdades, pior ainda é a situação de quem trabalha sem um teto para se proteger. Garis, policiais e ambulantes da capital, por exemplo, driblam como podem as dificuldades do serviço na rua nessa época de seca.
Entre as recomendações de especialistas para enfrentar os meses de baixa umidade do ar e altas temperaturas, está usar roupas leves. Simone Francisca dos Santos, 52 anos, contudo, não pode seguir esse conselho. Funcionária de uma empresa de limpeza urbana, ela precisa das luvas, do uniforme de mangas cumpridas e calça larga. “O que podemos fazer é tomar muita água, e isso eu faço toda hora. Ando com minha garrafinha e, sempre que posso, abasteço”, conta. A gari lembra ainda que chegou a passar mal debaixo do Sol recentemente, mas que uma alteração no horário de trabalho diminuiu os desgastes. “Semanas atrás eu fiquei tonta, senti a visão escurecer um pouco e tive que dar uma pausa. Mas mudaram nossa jornada para que a gente termine às 12h40 e não pegue aquelas horas mais quentes do dia”, explicou.
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Policiais da patrulha com bicicletas reforçaram o protetor solar e passaram a trabalhar com medidor de pressão para cuidados com quem passa mal na seca
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Outra dica para enfrentar a baixa umidade é evitar exercícios físicos na parte da tarde, quando as maiores temperaturas costumam ser registradas. A patrulha de ciclistas da Polícia Militar se adaptou para isso. Policiais que atuam com bicicletas em Ceilândia chegam a percorrer 18 km por dia para garantir a segurança da região, como detalha o subtenente Roberto Costa, 48. “Na base do centro da cidade, temos duas equipes, com quatro pessoas cada, que percorrem um caminho longo. Como o calor está forte, agora nós mudamos nossas operações. Antes, pedalávamos de 8h às 16h. Agora, nós pedalamos até às 11h e depois seguimos a patrulha na base móvel, que é a nossa van”, diz. Além da mudança de horários, a PM também comprou protetores solares para os militares e, em alguns postos, eles passaram a andar com um aparelho medidor de pressão, para primeiros socorros de vítimas das altas temperaturas.
“É comum, durante o patrulhamento nessa época, ver pessoas se sentindo mal debaixo do Sol, principalmente ambulantes. Semana passada, uma vendedora desmaiou no Restaurante Comunitário e fomos prestar os atendimentos. Chamamos o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e tivemos os cuidados para que ela não tivesse uma convulsão”, lembrou o subtenente. Para evitar esses casos, se hidratar é essencial. E Cleisson do Santos, 18, incentiva isso com sua barraquinha de água de coco. “As compras sempre aumentam de junho a setembro, com a seca. Agora, tem dia que chego a vender 50 cocos. Para não sofrer com o calor, coloco um guarda-sol grande e faço uma sombra boa. É bom até para os clientes, que chegam aqui, sentam um pouco e se hidratam”, comemora.
Para prevenir
Coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia, o médico Luciano Lourenço explica que o brasiliense está respirando um ar mais inflamatório, que agride mais o corpo. Por isso, manter padrões de hidratação e alimentação é tão importante. “Principalmente quem trabalha com exposição ao Sol precisa lembrar de beber água constantemente. Também devemos lembrar de manter uma alimentação mais saudável, com frutas, verduras e comidas leves, porque a gordura e o açúcar dificultam a digestão”, ressaltou o especialista. Antes de sair de casa, também é necessário passar o protetor solar — de fator 30 ou maior — e levá-lo na bolsa, uma vez que é recomendado um reforço do produto durante o expediente de quem trabalha sob o Sol. “No mais, óculos escuros e bonés também ajudam”, finaliza Luciano.
Estiagem
A média de tempo em que o DF fica sem chuva na época da seca costuma variar entre 100 e 120 dias, mas a marca foi ultrapassada recentemente. Em 2017, foram 127 dias de estiagem, período muito maior do que no ano passado, quando a capital ficou somente 82 dias na seca. Mas o recorde negativo é bem mais antigo e atingiu os pioneiros da capital. Em 1963, Brasília alcançou os 164 dias sem registro de chuva. Neste ano, a expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de que a seca continue por mais alguns dias. “Sempre olhamos os modelos meteorológicos e eles estão cada vez mais jogando para frente quando virá a chuva. Pode ser que chova até a última semana de setembro, mas, pelo menos até a próxima semana, o DF deve continuar na seca”, adiantou a meteorologista Naiane Araújo.