Diniz Vitorino Ferreira, Monteiro-PB (1940-2010)
Diniz Vitorino:
Na terra paraibana
foi onde eu pus os meus pés.
Caminhei pintando os lírios
dos majestosos painéis,
que formam telas sedosas
nos aromáticos vergéis.
Vi os dias infantis,
cheguei na adolescência,
cantei olhando pra o céu,
bebendo divina essência
dos frutos que Deus espreme
na taça do inocência.
No tempo da mocidade
fui ídolo dos cantadores;
dos cantadores que foram
meus fãs, admiradores,
e hoje me negam bom-dia
pra magoar minhas dores!
Eu sei que não estou seguro
nesta profissão que estou:
sou ferido sem ferir,
chorando pra festa vou,
sofro, mas só deixo o palco
depois que termina o show.
* * *
Dimas Batista Patriota:
Velha viola de pinho, companheira
De minh’alma, constante e enternecida,
Foste tu a intérprete primeira
Da primeira ilusão da minha vida.
Eu, contigo, cantando a noite inteira,
Tu, comigo, tocando divertida.
Sorrias, se eu louvava a brincadeira,
Choravas se eu cantava a despedida.
Nas festas de São João, nas farinhadas,
Casamentos, novenas, vaquejadas,
Divertimos das serras aos baixios.
Perlustrando contigo pelo Norte,
Foste firme, fiel, feroz e forte,
No rojão dos ferrenhos desafios.
* * *
Biu de Crisanto
Da visão desta janela
Eu vi os sonhos perdidos
A vida passou por mim
Causando dor e gemidos
E a esperança morreu
No vale dos esquecidos.
O mundo esqueceu de mim
Neste cubículo imundo
Onde mergulhei nos livros
Hora minuto e segundo
E fiz diversas viagens
Pela vastidão do mundo
* * *
Leonardo Bastião
Depois dos cinquenta anos
Comecei pensar assim
Estou longe do inicio
E mais próximo do fim
E os meus cabelos grisalhos
São folhas secas dos galhos
Que o tempo secou de mim.
Esses meus cabelos brancos
São verdadeiros sinais
Dos calendários vencidos
Que o tempo jogou pra traz
Dos filmes que vi outrora
Passado que foi embora
Pra mim não ver nunca mais.