Rezo quatro Ave Maria
Ao Glorioso São Gerome
Pra que nos livre da dor
Da agonia e da fome
Duma casa com goteira
Cacimba longe de casa
Dente de piranha preta
Dum teco-teco sem asa
Dum sem pensar no juízo
Dum teje-preso! ou cadeia
De sofrer uma cambrainha
Bem cedo de manhãzinha
Por ter pisado sem meia.
Da tercerez desse mundo
De passagem só de ida
Ferroada de lacrau
Coice de besta parida
Nos livre da companhia
Dum cabra chato e pidão
Dum sujeito bexigoso
Sem figo e sem coração
Duma tosse igrejeira
Dum trupicão de ladeira
Duma largada de mão.
Nos livre da punição
Da saúde canigada
Pois a enxada na mão
É melhor que mão inchada
Nos livre duma dentada
Dum vira-lata espritado
Picada de mangangá
Dum soldado má-criado
Dum baque de rede pensa
De briga de má-querença
Dum jogo má-radiado.
Nos livre dum nôro besta
Ou duma genra fregona
Que Zé meu abaixe o facho
Pro lado daquela dona
Nos livre duma visagem
De alma braba e defunto…
Puxando agora de banda
Disgaviando o assunto:
Nos livre daqui pra diante
Do roubo dos governantes
Coisa que duvido muito.
Poema publicado em 1998, no livro Agruras da Lata D`água