17 de março de 2020 | 06h00
A partir desta terça-feira, 17, São Paulo inicia uma quarentena cultural. Afinal, as salas de cinema não abrirão suas portas, assim como teatros, museus, shows, espaços culturais, galerias, além de todas as unidades do Sesc. A decisão atende a uma recomendação feita pelo governo estadual na luta contra a disseminação do novo coronavírus – e segue medidas drásticas adotadas por capitais europeias, além de Nova York.
O Sesc compreende 43 unidades em todo o Estado e a decisão foi tomada na manhã desta segunda, 16, pelo seu diretor regional, Danilo Santos de Miranda, que determinou a reabertura no dia 31 de março, caso a situação tenha se acalmado. Decisão diversa da escolhida, naquele mesmo momento, por distribuidores de cinema, que mantiveram uma conversa virtual até concluir que o fechamento de suas salas será por um prazo indeterminado – uma solução inevitável pois na segunda, 16, último dia com portas abertas, se repetiu o desânimo do fim de semana: um pequeno público decidiu comparecer.
“Logo percebemos que algo aconteceria”, contou ao Estado o ator André Loddi. “Na nossa última sessão, o público não parecia receptivo, estava frio e dava para notar muitas pessoas usando máscaras.” Ele integra o elenco de Summer: Donna Summer Musical, que apresentou no sábado, no Teatro Santander, suas duas últimas apresentações antes do recesso forçado. O mesmo aconteceu no 033 Rooftop, localizado no último andar do Santander, onde também aconteceram as sessões finais de Silvio Santos Vem Aí! “Esperei o final da última apresentação para revelar a triste notícia”, disse a produtora Marília Toledo.
Silvio Santos estreou no dia anterior, na sexta, e, apesar de uma plateia animada, percebiam-se cadeiras vazias: foram desistências de última hora. “Estávamos muito animados, foi decepcionante”, confessa Adriano Tunes, que brilha no musical no papel da Velha Surda da Praça da Alegria. “Se há algum consolo é que tivemos uma semana com muitas apresentações; então, a folga inesperada no domingo ajudou no descanso.”
Quem não conseguiu relaxar foram os produtores, preocupados com uma conta que não fecha: sem bilheteria, como manter os pagamentos de elenco e equipe técnica em dia sem espetáculos? “Não sei precisar um número exato, mas o prejuízo seria gigantesco”, continua Marília. “Não apenas por conta da falta de bilheteria, mas teríamos de manter a folha de pagamento por mais tempo que o planejado. E ainda tem a campanha de mídia.”
No caso de Donna Summer e Silvio Santos, a volta está prevista para o dia 4 de abril, determinada pela direção do Teatro Santander, autora também da decisão de parar. Isso representou um alívio pois, se fosse uma escolha da produção, o aluguel do espaço deveria continuar a ser pago.
O que preocupa de fato são os projetos financiados por leis de incentivo, notadamente a Rouanet. Segundo as regras, o dinheiro liberado só pode ser utilizado para pagamentos (especialmente de salários) quando acontecem apresentações. “Se não tem peça, não é possível usar aquela verba”, conta a produtora, dramaturga e jornalista Célia Forte, da produtora e assessoria Morente Forte. “Foi por causa disso que resolvemos manter a apresentação da peça Sede no domingo, no Tucarena, mesmo com o risco de pequeno público – ao menos seria possível fazer os pagamentos.”
Célia e outros profissionais integram entidades como a Associação dos Produtores de Teatro, que ontem apresentou um guia com 10 medidas para enfrentar o impacto econômico, social e institucional do coronavírus na cultura. Entre elas, desoneração dos impostos para os espaços culturais por um período determinado e descontingenciamento dos mais de R$ 300 milhões do Fundo Nacional de Cultura.
Questionado pelo Estado, Sérgio Sá Leitão, secretário estadual de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, disse que estão em estudo medidas em três eixos: incentivo fiscal, fomento direto e crédito facilitado. “Teremos notícias em breve”, acrescentou.
Todas as salas na cidade de São Paulo estarão fechadas a partir de hoje por tempo indeterminado
Todas as 43 unidades espalhadas pela capital e interior estarão fechadas até 31 de março
A editora decidiu adiar os lançamentos de livros programados para o mês de abril
Masp, MAM, Pinacoteca, Museu de Arte Sacra, MAB/Faap, Tomie Ohtake, Museu da Casa Brasileira, Ema Klabin, IMS, entre outros, fecham suas portas por tempo indeterminado
As casas de espetáculos também aderem ao pedido para distanciamento social, como é o caso do Bourbon Street, Auditório Ibirapuera, Memorial da América Latina, Casa Natura Musical, Espaço das Américas
Todas as salas estarão fechadas por tempo indeterminado, como é o caso do Teatro Bradesco, Teatro Alfa, Teatro das Artes. Além dessas, a MITsp também teve sua programação interrompida
Nesse setor, as principais casas da cidade estarão de portas fechadas – Theatro Municipal, Sala São Paulo, Teatro São Pedro