Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Marcos Mairton - Contos, Crônicas e Cordéis domingo, 09 de fevereiro de 2020

QUARENTA ANOS

 

QUARENTA ANOS

 

Oito de fevereiro de 2020 é um dia importante para mim. Importante chega mesmo a ser uma palavra insuficiente para traduzir o meu sentimento em relação a essa data.

É que no dia 8/2/2020 completo 40 anos de vida profissional.

Sim, ainda criança, ajudei meus pais, em seu pequeno comércio, o que me garantiria mais uns três ou quatro anos nessa contagem. Mas eu mesmo nunca vi minhas tarefas de balconista como trabalho propriamente dito.

Então, a partir daquele dia, 8/2/1980, é que foi trabalho mesmo. Com carteira assinada e contribuição para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e para a Previdência Social.

Por essa razão, considero o início da minha vida profissional em 8/2/1980.

Naquela data, assumi o cargo de bancário aprendiz, no Banco do Nordeste do Brasil S/A. Uma sociedade de economia mista, que, como tal, tinha — e tem até hoje — o Governo Federal como seu acionista controlador.

Quatorze anos incompletos, era a minha idade. Para ser mais exato, treze anos e seis meses, o que gerou certa dúvida se eu poderia assumir o cargo. Decidiram que sim, e deixei a infância para me tornar bancário.

A família fez festa. Um tio mais bem informado que os outros decretou:

— Tá feito na vida! Bancário de banco federal é o melhor emprego do Brasil!

Ele tinha certa dose de razão. Meu salário seria mais ou menos o mesmo de meu pai (vejam que incrível, antes de fazer 14 anos, eu ganharia quase igual ao meu pai!). Depois de três anos, passaria ao cargo de escriturário, e o salário multiplicar-se-ia por quatro ou cinco vezes.

Um excelente emprego! Pelo menos até o final dos anos 1980.

Em 1990, com a posse de Fernando Collor na Presidência da República, cuja principal promessa de campanha era a “caça aos marajás”, já sabíamos que nosso futuro não era muito promissor. Afinal, éramos nós alguns dos principais “marajás” a serem caçados.

Além disso, a partir dos anos 1990, a profissão de bancário — mesmo de um banco federal — já não tinha o mesmo glamour. A automatização no setor, naquela época, foi massiva. A cada dia, as máquinas substituíam pessoas nas mais variadas tarefas. E com vantagem.

Talvez seja difícil para o leitor acreditar, mas, em 1983, quando passei a trabalhar na agência do Banco do Nordeste em Parnaíba, no Piauí, havia ali apenas dois microcomputadores. Éramos uns 40 funcionários, mas só dois ou três sabiam operar aquelas máquinas misteriosas (em pouco tempo, tornar-me-ia uma daquelas pessoas).

Dez anos depois, a informatização já havia chegado a todos os recantos da atividade bancária. Cada vez mais máquinas, cada vez menos pessoas. Cada vez menos motivos para manter o nível salarial.

Em 1993, os computadores invadiam o último bastião das atividades manuais da empresa: o Departamento Jurídico. Coincidência ou não, naquele ano, enquanto eu cursava os últimos semestres da faculdade de Direito, dava aulas de operação de microcomputadores para turmas de advogados do banco onde trabalhava.

Acabei deixando o banco em janeiro de 1998, quando já havia também me tornado um de seus advogados. Sendo bem preciso, não apenas advogado, mas chefe de uma das duas assessorias que compunham o departamento jurídico.

Quarenta anos! Passou tão rápido, e, no entanto, são inúmeros os momentos a lembrar!

Forçarei um final agora, para não alongar demais este texto. Mas talvez devesse contar toda a história de minha vida profissional algum dia. Talvez em um e-book…

Por ora, apenas registro que, de janeiro de 1998 a fevereiro de 2000, fui Procurador do Banco Central do Brasil; de fevereiro de 2000 a abril de 2001, fui Advogado da União; e, de abril de 2001 até hoje, sou Juiz Federal.

Quarenta anos, portanto, ao todo. Com a satisfação de nunca ter ficado um único dia desempregado. Houve, sim, períodos em que tive dois empregos, quando tive escritório de advocacia e quando lecionei na faculdade de Direito da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Mas, períodos sem vínculo empregatício, nunca mais os tive. Desde o dia oito de fevereiro de 1980. Quarenta anos!


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