Além dos arraiás e suas delícias gastronômicas, junho e julho também são o período das apresentações das tradicionais quadrilhas. Neste ano, de 28 a 30 de julho, o Distrito Federal será a sede da 8ª edição do Campeonato Brasileiro de Quadrilhas Juninas, o primeiro após a pandemia. A competição vai ocorrer em Brazlândia, na Praça do Laço, com grupos de diversas regiões do país, no ano em que a cidade completa 90 anos em junho. Serão 19 unidades da federação participantes, com um representante cada, exceto o DF, que terá dois, por ser o anfitrião do evento.
As concorrentes serão analisadas a partir de critérios como coreografia, musicalidade, desenvoltura do marcador (responsável pelo comando do ritmo da apresentação e por contar a história do tema escolhido pelo grupo) e figurino. No corpo de jurados, estarão representantes das regiões brasileiras (exceto o Sul, que não tem concorrentes na competição). O Centro-Oeste terá dois na bancada.
"A nossa missão é fazer com que cada vez mais grupos de quadrilha surjam para fomentar toda a cadeia produtiva envolvida, o que inclui profissionais como costureiras, atores, músicos, figurinistas e dançarinos", afirma o coordenador. Cada uma das equipes tem entre 60 e 120 integrantes. Na arena, são permitidas até 80 pessoas dançando.
Preparativos
Hamilton Tatu é presidente da Confederação Nacional das Quadrilhas Juninas (Conaqj), que organiza a competição, e presidente da heptacampeã nacional Quadrilha Pau Melado, de Samambaia. O nome do grupo é uma referência ao pau-de-sebo, tradição antiga de festas no interior do país. "O campeonato tem a missão de deixar por onde passa o legado de preservação da cultura, principalmente nas comunidades", conta Tatu, que faz um apelo: "Precisamos de mais recursos e valorização".
A equipe que comanda, formada por 90 integrantes, está na expectativa de conquistar a vaga e competir com os melhores do país. "Os preparativos estão intensos, porque é o primeiro campeonato brasileiro depois da pausa da pandemia. A competição nos faz nos esforçar mais para enfrentar os grupos tradicionais que vêm de fora, que são muito fortes", analisa. "Cada um dos estados tem o seu estilo próprio de dançar e contar uma história", acrescenta.
No DF, segundo Hamilton, o diferencial é a marcação das coreografias e a resistência da tradição. "A Pau Melado não deixa de trazer os personagens mistificados da história, como os noivos, os velhos, o soldado, o cangaceiro e o padre. Não sou contra a evolução, mas defendo a preservação da essência da tradição", detalha.
"As quadrilhas costumam dançar bem sincronizadas. Já aqui, existem os momentos em que ocorre a sincronia, mas quando dançamos o chamado quadrilhão, é solto. Cada um dança do seu jeito", explica Nascimento. Além das citadas, o DF tem, ainda, um estilo de dança junina que nasceu na capital e é exportada para quadrilhas do Brasil inteiro. "Justamente no momento do quadrilhão é que a gente dança a arriuna", destaca.
"As quadrilhas trazem temas, fazem abertura, fazem os passos, dançam quadrilhão e fazemos a despedida. Esse é o esqueleto da apresentação. Durante o quadrilhão, a gente executa a arriuna, que é uma dança pulada, com chutes no ar e que dá a impressão de que os bailarinos estão flutuando. As quadrilhas começaram a fazer isso aqui", conta. Márcio conta que a Êta Lasquêra nasceu em 2000. Os ensaios para o período junino começam ainda em janeiro. "A gente é uma quadrilha de cangaço, desde que o grupo foi fundado", define o coordenador.