PUDICA
Medeiros e Albuquerque
Nua. Lambendo-lhe a epiderme lisa
por sob a qual o sangue tumultua,
caiu-lhe aos pés, em flocos, a camisa,
deixando-a nua… inteiramente nua…
O pé, que a alvura do banheiro pisa
mal os dedinhos róseos insinua
na água, que em largos círculos se frisa,
logo, fugindo lépido, recua…
Passa por todo o corpo um arrepio,
duros e brancos, hirtam-se de frio
seus dois peitinhos. Tímida, medrosa,
corre a mão sobre o ventre torneado…
Nisto, lembrando, acaso, o namorado,
toda se tinge de um rubor de rosa…