Em um mundo cada vez mais conectado, a publicidade infantil pode ser quase imperceptível. Pesquisas divulgadas pelo Tic Kids Online Brasil no ano de 2021 mostram que 67% das crianças e dos adolescentes que estão na internet são expostos à publicidade por meio de vídeos. As crianças, como são seres mais suscetíveis aos estímulos persuasivos, não possuem desenvolvimento mental necessário para tomar decisões por si mesmas. Por isso, a legislação nacional proíbe as marcas de direcionarem propagandas ao público infantil, a fim de evitar que se aproveitem de sua hipervulnerabilidade. Ainda assim, as crianças podem ser sujeitas a eventuais formas de exploração comercial, o que pode colocar a segurança da família inteira em risco.
Juliana Barbosa, psicóloga infantil e coordenadora da clínica Espaço Dialógico, diz que a publicidade afeta o desenvolvimento das crianças em diversos aspectos. A psicóloga menciona que os pequeninos passam a atrelar felicidade ao comportamento de comprar e possuir algo. A autoestima deles também pode ser afetada quando eles se comparam com os influenciadores. "Muitas vezes, os influencers incentivam comportamentos de consumo, vício em jogos e coreografias inapropriadas para a idade; na formação de hábitos alimentares nada saudáveis, já que a publicidade infantil colabora, em sua maioria, com o consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados, entre outros aspectos", exemplifica a psicóloga.
Nayana Buta, 40, relata que não tem segurança em deixar os filhos assistirem vídeos e desenhos sozinhos nas plataformas digitais. Mãe de dois filhos, Caetano, de 7 anos, e Tomás, de 5, diz que hoje em dia prefere pagar mais caro para evitar as propagandas. "Os meninos chegavam a cantar músicas de propagandas dos produtos. Não fazia nem sentido estar ali para eles", conta. "Aqui em casa, eles já sabem que não podem assistir sozinhos. Eu vejo problema, não só pela questão do consumismo, mas pela influência dos valores que a gente não escolhe. Acho que a gente tem que preservar nossas crianças", conclui Nayana.
No Brasil, a fiscalização da publicidade infantil é de responsabilidade da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Caso a família note qualquer tipo de irregularidade, é possível registrar no site consumidor.gov, procurar o Procon do seu estado ou solicitar auxílio do Ministério Público.
Como identificar publicidade infantil?
- Linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores;
- trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de crianças;
- representação de criança;
- pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;
- personagens ou apresentadores infantis;
- desenho animado ou de animação;
- bonecos ou similares;
- promoção com distribuição de prêmios, brindes colecionáveis ou apelos ao público infantil;
- promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.
Fonte: Criança e Consumo (criancaeconsumo.org.br/chega-depublicidade-infantil/como-identificar-publicidade-infantil/