Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo
29 Dezembro 2018 | 05h00
A decisão de boicotar a posse de Jair Bolsonaro exibe muito mais do que apenas um comportamento de mau perdedor dos petistas. O movimento do PT, feito de forma estudada, deixa claro que o partido fará sempre oposição radical ao futuro governo. Independentemente da proposta que estiver sob a mesa de votação, os petistas sinalizam que a ordem foi dada: se Bolsonaro apoiar um projeto – qualquer projeto – o PT estará do lado oposto. E isso indica que a aprovação de votações difíceis, como a reforma da Previdência, enfrentará feroz oposição quando forem discutidas.
O PT tem seus motivos para agir assim. O partido só teve bom desempenho eleitoral no Nordeste, onde elegeu quatro governadores: Rui Costa (BA), Fátima Bezerra (RN), Wellington Dias (PI) e Camilo Santana (CE). Nos maiores centros, fracassou. Pior: viu crescer o desempenho de outras forças de esquerda, como o PSOL, o PSB e, especialmente, o PDT, liderado por Ciro Gomes. Com Lula preso e fora do Planalto, o PT decidiu partir para uma reinvenção. E esse processo passa necessariamente pela ocupação de espaço de principal força de oposição.