“Parem de nos matar”.
A frase estampou dezenas de cartazes expostos, ontem, em frente ao Museu Nacional da República. Mulheres de diferentes movimentos sociais do Distrito Federal se reuniram para debater o feminicídio e cobrar políticas públicas de combate à violência contra elas. Durante o ato, cruzes pintadas de vermelho, simbolizando sangue, ficaram espalhadas pelo chão. Cada objeto simbolizava uma vítima de feminicídio do DF em 2019.
Participantes distribuíram cartazes, faixas e panfletos, conscientizando ou pedindo basta à violência. Algumas manifestantes se revezaram ao microfone para expor os problemas enfrentados pelas mulheres. Moradora de Águas Claras, a professora Vilmara Pereira do Carmo, 41 anos, uma das organizadoras do evento, ressaltou que o ato funciona para exigir do Governo do Distrito Federal (GDF) providências em relação aos aparelhos públicos, além de agregar mulheres de diferentes regiões administrativas e fortalecer a rede de apoio entre elas. “Vamos fazer ações regionais. A ideia é reunir pessoas de várias cidades e movimentos para cobrar políticas públicas que venham a ser eficazes, ao contrário das que existem hoje”, criticou.
Vilmara comentou que faltam abrigos no DF e delegacias especializadas no combate à violência contra a mulher. “Temos apenas uma Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), que fica no Plano Piloto. Isso deveria mudar e ser regionalizado”, sugeriu. A professora também cobrou mudanças no Judiciário. “Temos casos de mulheres que pedem medida protetiva e não conseguem. É preciso que se tenha um olhar mais atencioso, que não se leve uma denúncia na brincadeira, como se fosse uma briguinha”, completou.
Medo
A socióloga e professora Ayla Viçosa, 25, participante do Coletivo Juntas, ressaltou que a assembleia cumpre papel fundamental para pressionar o poder público e reverter a realidade do feminicídio. “Hoje, a gente vê que o governo tem um combate negligente à violência contra a mulher”, afirmou. Ela destacou que a violência ocorre em todos os locais pelos mais variados motivos: “Precisamos trazer vitória para as mulheres e transformar essa realidade. Precisamos de campanhas massivas e intensas”, disse.
A deputada Érika Kokay (PT) também esteve presente à assembleia. “A violência doméstica é um processo de tortura. Há mulheres que têm medo de voltar para casa”, declarou. A parlamentar ressaltou que o ato deve ser de articulação e que as participantes devem pontuar pautas para avançar em seguida.