Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sem Oxentes nem Mais ou Menos domingo, 16 de abril de 2023

PROTESTO E CARTA DE FILHO (CRÔNICA DE FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

PROTESTO E CARTA DE FILHO

Fernando Antônio Gonçalves

Diante das notícias sobre uns recentes exames vestibulares, onde analfabeto conseguiu aprovação em Ciências Sociais, um outro sendo classificado em Biologia e uma alma penada logrando ingresso em Pedagogia, duas sensações esquisitas perpassaram o meu interior de nordestino acima de tudo brasileiro. E que sonha ver o Brasil também vacinado contra as faculdades e cursos piranhas, que mercantilizam de forma abjeta a formação acadêmica de milhares de desprevenidos, sob as vistas complacentes de um Ministério da Educação preocupado apenas com os quantitativos exigidos pelos mercenários do ensino.
A primeira diz respeito às declarações de um certo mandatário, debochando da função docente, que mereceu uma resposta da professora Elizabeth Tunes da Universidade de Brasília, abaixo reproduzida com todo meu endosso:

“Um dia, acordei com a notícia de que os aposentados seriam vagabundos. Hoje, dizem os noticiários que ser professor é o destino dos incompetentes. Não sei qualificar o que sinto. É mais do que indignação e tristeza. Mas a reportagem não deixa dúvidas: a cabeça daquele mandatário é uma vitrine de inúmeros preconceitos.

Exatamente neste momento, entro para o Clube dos Chorões. Lamento e choro ao saber que ele esteve em Princeton, lugar que alberga os mais brilhantes, apesar de não se ver como brilhante. O que, então, fazia lá? Como ali foi parar? Era um enganador? Um oportunista? Lamento e choro ao ler que os velhos sabem muito e ‘quem sabe muito não cria, fica com medo de criar, porque fulano fez isso, beltrano fez aquilo, se eu disser isso vão dizer que é ridículo’. Por que não terá ocorrido a ele que essa forma de pensar e ser é exclusividade dele? Não será ele quem tem medo de criar? Não será ele, cuja mente é obnubilada pela vaidade, quem tem medo porque se propõe a servir a Deus e ao Diabo?

Desculpe-me, mandatário, mas quem se fez ridículo foi o senhor, com tamanha demonstração de sandices e de ignorância. Hoje, tenho muitas dúvidas de que o senhor tenha sido professor. O senhor demonstra não saber o que é ser cientista, o que é ser professor, o que é a universidade. O senhor passou pela universidade, onde apenas alimentou e engordou a sua vaidade.

Volte para a sala de aula, senhor mandatário. Não para ser professor, mas estudante. Venha conferir como nossos dignos Professores são competentes o bastante para destruir todos os seus preconceitos. O senhor é velho, mas não acredita na velhice. Nós somos jovens professores e acreditamos na velhice. Venha para nós. O senhor ainda tem salvação”.

A segunda sensação estranha quem me proporcionou foi o João Silvino da Conceição, que me mostrou uma carta a ele endereçada pelo filho de amigo seu de bilhar, recentemente aprovado numa faculdade particular. Ei-la, para meus leitores fubânicos, respeitadas ortografia e concordância do missivista:

“Pai: pacei no vestiburlar. Pençava que era mais difício, mas não foi o que eu tinha na cabessa. Tenho certesa que farei bunito. Depôs de dipromado, pretendo mi escrever num MBA, aquele negóssio que decha a gente tinindo pra arrumá emprego. Tenha certesa que um dia inda serei Ministro, ingual a este da Educação. Farei qui nem ele: deicharei todo mundo ingreçar nos curso de falcudade, benefissiando os mais estrumados. Já tô de olho na formatura, daqui uns anos. Penço que serar uma festansa bunita demás. Já tou pençando até no paranifo da gente: aquela Luciana da TV, que amassou uma grana do Maike Jeguer, aquele abestado que num usou camisinha e lascousse na penção. Ela é qui nem eu: sem muitos recuços cuturais mas com um peito arretado e uma cara de pal capais de paçar por cima dos obistaclos todos. A guarde notíssias. Um bejo na mia mãi e nos que miquerem bem. Istou filiz. Serei un brasilêro séclo 21, porreta mermo”.

Mandei pelo zap um abração arretado de ótimo para o Silvino da Conceição. E encareci a ele ser mais um militante ao lado dos que combatem todo e qualquer tipo de reeleição. Reeleição dá no que está dando, uma merda total.

 

 


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