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Meses mais secos na capital federal são agosto e setembro, quando a umidade pode chegar a 10% |
Garrafa de água, manteiga de cacau, soro e toalha molhada estendida durante a noite. O kit básico de sobrevivência do brasiliense pode começar a ser tirado do armário. É que, nos próximos dias, com o início do inverno em 22 de junho, a umidade relativa do ar pode chegar a menos de 20%. Ontem, o índice foi de 30% no Gama e de 35% no Plano Piloto. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou aviso amarelo de perigo potencial para baixa umidade do ar, com início às 12h e término às 18h. Hoje, a umidade permanecer entre 25% e 30% ao longo do dia, sem chuvas e céu com poucas nuvens. A temperatura deve variar entre 15ºC e 27ºC.
Não chove no DF desde 10 de maio, e não há previsão de chuvas para os próximos dias. No inverno, o volume de precipitações diminui significativamente no Centro-Oeste. Desde março, o DF tem registrado volume abaixo da média. Em maio, por exemplo, choveu apenas 4,8mm, 15% do costumeiro. Fevereiro deste ano, porém, foi o mês mais chuvoso da série histórica, feita desde 1962, com acumulado superior a 473,4 mm. Para junho, o volume aguardado é menor por conta da estiagem — 4,9mm. Os meses mais secos na capital federal são agosto e setembro, quando a umidade pode chegar a 10%, como aconteceu em 4 de outubro do ano passado.
“Do final desta semana até o início da outra, começa o período de transição entre as estações. Nesses dias que antecedem o inverno, podemos ter características típicas mais presentes. Por enquanto, ainda estamos com umidade entre 25% e 30%, que é comum no outono, com temperaturas mais amenas na parte da manhã e aquecimento ao longo do dia, voltando a esfriar pela noite”, detalha Andrea Ramos, meteorologista do Inmet.
Ela explica que a estiagem é mais comum no período do inverno, mas pode acontecer antes. “No outono, há acúmulo de massa de ar seco, que vem, inclusive, circulando há alguns dias. Essa massa pode ocasionar umidade abaixo de 25%, mas não chega a ser menor do que 20% — esse índice é esperado para o inverno. Isso acontece todo ano, e em 2021 não deve ser diferente. É realmente o período mais crítico”, complementa Andrea.
Dificuldades
O estudante Gabriel da Silva Pinheiro, 21 anos, passa por dificuldades nos meses de estiagem. O jovem sofre de asma, bronquite e rinite alérgica. “Durante a seca, a gente já fica sofrendo com a pele ressecada. Para quem tem problema respiratório, é um terror. Quando eu era criança, era a época em que meu nariz não parava de sangrar. Hoje, eu sinto mais dificuldade de respirar, parece que o pulmão não enche por completo”, descreve Gabriel.
Outro agravante para a situação do estudante é o local onde mora. “A poeira que sobe com a secura deixa aquela coriza chata. E aqui em Águas Claras tem bastante poeira por conta das obras. Eu tento sobreviver ao período com um umidificador de ar. Nós, brasilienses, passamos por isso todos os anos, e parece que vamos desenvolvendo uma casca mais grossa de resistência”, reflete o jovem, acrescentando que, no período da seca, chega a tomar quatro litros de água por dia.