Muita gente dá uma pausa no período das festas de fim de ano e em janeiro para descansar, viajar ou tocar outros projetos que não envolvam o trabalho. No entanto, as contas nunca dão tempo. O início de ano já anuncia a chegada de novas contas, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e, para quem tem filhos, o material escolar.
Para um bom planejamento financeiro ao longo do ano, Adriano Marrocos, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade, diz que o primeiro passo é analisar as contas que vêm do ano passado e tentar se livrar delas. Marrocos também alerta sobre o cartão de crédito. "Ele é muito bom para fazer compra programada, mas jamais entre no crédito rotativo, que é quando se parcela a fatura do cartão. São as taxas de juros mais altas do mercado", alerta o contador. Para quem está enrolado com o cartão de crédito, o conselho de Adriano é tomar um empréstimo, que tem taxas mais baixas, e quitar a dívida com o cartão de crédito.
IPVA e IPTU
O IPTU e o IPVA também devem pesar no bolso do brasiliense no início do ano. A primeira parcela do IPVA, por exemplo, deve ser paga entre os dias 19 e 23 de fevereiro, a depender do algarismo final da placa do veículo. No Distrito Federal, o governo dá a possibilidade de os impostos serem pagos em cota única, com 5% de desconto do valor final. "Para quem tem condições de pagar à vista, vale a pena, já que a inflação está abaixo dos 5%, ou seja, o desconto é real", explica Adriano Marrocos.
De acordo com o conselheiro, pagar parcelado também não é uma má ideia para aqueles que estão sem folga para pagar a parcela única. "Se considerarmos o desconto dado no pagamento à vista como a taxa de juros, acaba sendo um bom empréstimo", detalha.
No fim de dezembro, o Governo do Distrito Federal (GDF) publicou no Diário Oficial do DF (DODF), os valores venais (de venda) dos automóveis e imóveis, o que possibilita saber quanto irá pagar nos dois impostos em 2024. A previsão de arrecadação com os dois tributos é de R$ 3,2 bilhões, sendo R$ 1,7 bilhão do IPVA e R$ 1,4 bilhão do IPTU, segundo os cálculos do próprio governo.
De acordo com portaria publicada em novembro, o IPVA pode ser pago em até 6 parcelas, sendo que nenhuma delas deve ter valor menor que R$ 50. Se o valor total for menor que R$ 100, o imposto deve ser pago em cota única. O cálculo do tributo é feito sobre os valores venais do veículo e tem como base a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A alíquota continuará sendo 3,5% sobre o valor do automóvel. A estimativa é de que haja redução de 4,32% no imposto relacionado aos automóveis, enquanto para os caminhões a previsão é de aumento de 0,8%.
O advogado e empresário Frederico Modesto, 25 anos, contou ao Correio que pretende pagar o IPVA pela cota única e aproveitar o desconto. "Imposto só é bom quando você não lembra dele. Por isso, quero me livrar o quanto antes", revela. Já Rogério Reis, 43 anos, ainda não sabe a forma que irá pagar os dois tributos. "Vou esperar as contas chegarem para decidir isso. Ano passado, paguei o IPVA em cota única graças ao crédito do Nota Legal", lembra o bancário, que, por outro lado, optou pelo parcelamento do IPTU em 2023.
Novo ano letivo
Com o ano novo, também começa o ano letivo. Pais e responsáveis precisam arcar com gastos a mais com materiais didáticos e de papelaria. "O indicado é pagar o material escolar sem juros e não atrasar as parcelas do cartão de crédito", aconselha Adriano Marrocos.
Trocar os materiais do ano passado pelos deste ano é uma boa saída para quem não tem condições de comprar tudo novo, aponta o conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade. "Ou comprar de segunda mão. Já existem sites especializados na troca e venda de livros usados. Também é preciso orientar os filhos a preservar os livros, evitando riscar ou dobrá-los para que não percam o valor para o ano seguinte", observa Marrocos. "Mochilas, cadernos e outros materiais estilizados com personagens costumam ser mais caros e a criança provavelmente vai querer comprar. Então, o indicado é não levar os filhos para a compra do material escolar", acrescenta.
Dayse Lima, 33 anos é mãe de dois filhos matriculados na escola. As aulas retornam em fevereiro, mas ela já está adiantando a compra do material escolar deste ano. A moradora de Sobradinho conta que fez pesquisa em várias lojas e achou que os preços altos.
Ela prefere comprar os materiais dos filhos de uma vez só. Para o mais novo, a escola pede mais materiais de papelaria do que para a filha mais velha. E, na hora de pagar, opta pelo pagamento que tenha desconto "Quando vou pagar sempre pergunto se tem desconto à vista. Se tiver, pago à vista, se não, prefiro comprar no cartão de crédito para acumular milhas". O gasto com as compras de materiais foi em torno de 500 reais, sem contar com os livros didáticos.
Adriano Marrocos destaca que toda a família tem que se unir no esforço para economizar, não apenas os pais ou responsáveis. "Economizar dói, mas toda a família tem que participar desse esforço. Conseguir educar os filhos nesse sentido vai torná-los adultos mais responsáveis financeiramente", sustenta o contador.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado