Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carnaval Brasileiro segunda, 22 de julho de 2024

POVOS INDÍGENAS: MANTO TUPINAMBÁ RETORNA ÀS ORIGENS

Povos indígenas: manto tupinambá retorna às origens

Após 400 anos, comunidade indígena brasileira recebe de volta a relíquia, símbolo de autoridade, levada por europeus

 
 
 
O manto tupinambá, que retornou ao Brasil após passar três séculos na Dinamarca, acendeu a curiosidade dos brasileiros acerca de seu significado -  (crédito: EBC)
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O retorno do manto tupinambá às terras brasileiras, após passar quatro séculos no Museu Nacional da Dinamarca, gerou comoção em comunidades indígenas e muita curiosidade da sociedade. Feito de penas da ave guará e linha de algodão, a peça foi confeccionada entre os séculos XVI e XVII no Brasil e, depois, levado pelos colonizadores.

 Ao Correio, especialistas comentam a importância cultural, política e social da peça. Na tradição indígena, o manto tupinambá é uma maneira de demonstrar autoridade política. Ele pode ser utilizado em cerimônias especiais e também em rituais de espiritualidade. Só é permitido que ele seja utilizado pelo alto escalão da comunidade indígena, como pajés e caciques. “Nunca falam sobre a história dos povos originários, dos tupinambás. Quando nós, povos indígenas, vamos buscar as nossas histórias, remexer no baú, a gente encontra a maioria dos nossos patrimônios culturais em solo europeu. É a primeira vez na história que os povos indígenas têm acesso aos seus ancestrais e podem contar, a partir de uma escuta sensível, sobre o seu povo e falar sobre o seu território de origem”, declara a liderança indígena Glicéria Tupinambá, das terras indígenas de Olivença, na Bahia.
Glicéria, que é antropóloga, explica que seu povo foi um dos primeiros a serem colonizados, já que estão na faixa litorânea do país, onde chegavam as embarcações. Segundo ela, os colonizadores retiravam os mantos dos indígenas como uma forma de mostrar que eles estavam “catequizados”.

Segundo o historiador Crenivaldo Veloso, que também atua no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, para onde o manto foi levado, o artigo indígena rememora tempos em que o Brasil era predominantemente indígena. “Esse manto tupinambá é um exemplo de um Brasil que é território indígena e que a sociedade brasileira contemporânea precisa reconhecer. Representa uma antiguidade, uma presença protagonista e ativa na construção da história do país. É também uma prática de releitura e crítica às experiências coloniais porque a forma com que esses seres sagrados foram parar em museus vem sendo alvo de críticas e revisão histórica. Simboliza uma vitória do movimento indígena brasileiro”, avalia.

O retorno da peça ao Brasil teve uma longa trajetória. A antropóloga explica que, desde 2000, a história dos mantos foi revivida, mas que não se sabia onde eles estavam. Estudando a própria cultura com ancestrais, em 2007, a indígena confeccionou um manto com base no que era descrito pela tribo. Mas ela conta que foi só em 2018 que conheceu, ao vivo, pela primeira vez, um manto tupinambá extraído do Brasil. Ele estava na França e foi como um “sinal”, segundo ela, para procurar por mais peças como aquela, pelo mundo.

 Ao realizar a pesquisa para o mestrado sobre os mantos, Glicéria começou a procurar a peça em outros países e localizou algumas na Itália, Suíça, Bélgica e Dinamarca. Neste último país, ela diz que o manto “falou” com ela e “disse” que estava “pronto” para ser “levado para casa”. Assim, junto a uma carta que o povo tupinambá já havia enviado nos anos 2000, o Museu Nacional brasileiro pediu pela peça. Desde junho do ano passado iniciou-se o processo de envio do manto indígena.

Ancestralidade

Para os tupinambás, os mantos são como entidades ancestrais, que carregam a memória das histórias que viveram e podem também ser masculinos ou femininos. O manto enviado pela Dinamarca, segundo Glicéria, é feminino. Foi feito e utilizado por mulheres tupinambás e há provas de sua utilização em pinturas e registros históricos da época colonial. “É incrível, fantástico. Só para a gente mesmo, que é do povo, que tem a cultura para entender. A gente sai do nosso território e chega diante de um ancestral que te reconhece como parente de sangue, que tem uma memória de tantos anos. Tem mantos de 400, 600 anos, são muito antigos e guardam fragmentos de memória. Para mim, isso é incrível”, comenta empolgada a indígena.

Glicéria afirma que não há pretensão de trazer outro manto ao Brasil, agora. Segundo ela, é necessário tempo para que o manto tupinambá seja recebido, passe por ritos dos indígenas e também comece a ser conhecido pela sociedade no Museu Nacional. O momento é de apreciar a conquista dos indígenas. Veloso vê como um momento simbólico a retomada do manto indígena.

“O manto é um marco ancestral. É como uma oposição ao marco temporal”, declara, fazendo referência às recentes discussões no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal sobre a tese que prevê que só são áreas indígenas aquelas que já tinham sido demarcadas em 1988. O historiador acredita que a cultura indígena é “algo em movimento”, como mostra o próprio ressurgimento de um manto que era desconhecido até então.

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