Ora o porquê aparece junto. Ora separado. Ora com acento. Ora sem o chapeuzinho. Não há quem não hesite na hora de escrever uma forma ou outra. Muitos chutam. Mas, como a língua não é loteria, o que pode dar errado dá. Melhor aprender as manhas da caprichosa criatura. Use:
Por que
- nas perguntas diretas: Por que se comemora o Dia da Pátria? Por que se deve escrever como manda o dicionário? Por que é obrigatório o uso de máscara?
- nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual“: Sei por que (a razão pela qual) se comemora o Dia da Pátria. Quero entender por que (a razão pela qual) se deve escrever como manda o dicionário. Explique por que (a razão pela qual) é obrigatório o uso de máscara.
Por quê
A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última — a última mesmo — palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: Comemora-se o Dia da Pátria por quê? Deve-se escrever como manda o dicionário por quê? É obrigatório o uso de máscara. Explique por quê.
Porque
Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: Comemora-se o Dia da Pátria porque é fato marcante da nossa história. Deve-se escrever como manda o dicionário porque pega bem. É obrigatório o uso de máscara para evitar a transmissão do coronavírus.
Porquê
Assim, coladinho e com chapéu, o porquê se torna substantivo. E, como substantivo, tem plural. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê da necessidade de escrever sem erros. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.
Resumo da ópera
Não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.