Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Raimundo Floriano - Perfis e Crônicas domingo, 17 de junho de 2018

POR ONDE ANDARÁ ZÉ BENEDITO?

 

POR ONDE ANDARÁ ZÉ BENEDITO?

Raimundo Floriano

(Matéria publicada em no dia 7 e junho de 2010)

  

                        No final desta semana, começa a 19ª Copa do Mundo de Futebol!

 

                        De 11 de junho a 11 de julho, será o assunto que dominará a atenção de todo o Planeta Terra, fazendo com que a mídia, num passe de mágica, esqueça todos os problemas que afligem a humanidade, como doenças, terremotos, guerras, inundações, vazamentos de petróleo, desastres, com os olhos voltados apenas para o resultado de cada rodada e as previsões para as seguintes. Será um mês inteirinho de completo e descarado oba-oba!

 

                        E eu, do alto do meu bestunto, ou da minha privilegiada clarividência, ouso declarar: esta Copa é nossa, seremos Hexa! Baseado em quê? – perguntar-me-á o leitor. E eu respondo: em dedução irrebatível, como adiante justificarei.

                       

                        Só lamento é que, no dia 11 de julho, após a Decisão, eu não tenha perto de mim o cidadão Zé Benedito, para exibir-lhe a Taça e esfregar-lhe na cara a nossa faixa de Hexacampeões. E quem é Zé Benedito? É o que vocês voltarão a me interrogar. E eu lhe digo: calma no Brasil! Quem muito quer saber, mexerico quer fazer! Devagar, chegamos lá!

 

                        Por ora, posso adiantar-lhes que esse senhor, num certo momento de minha vida, fez, coberto de razão, com que eu me sentisse um caretão malaca desvairado, um perfeito cara de tacho!

 

                        Até hoje, no limiar de nova Copa, sou questionado pelo fato de, tendo fundado a Banda da Capital Federal em 1972, colocando-a na rua para animar as torcidas desde então, mesmo sem expectativa alguma da conquista final, como em 1974, deixei passar em branco as Copas de 1982 e 2006. Se é para esclarecer, esclarecerei!

 

                        Em 2006, depois daquela apoteótica comemoração em 2002, quando festejamos o Penta e os 30 anos de fundação da Banda, uma festa maior, pelo menos para mim, encontrava-se em preparação: os meus 70 anos a completar no dia 3 de julho, uma segunda-feira.  Com o pensamento todo voltado para o churrasco/forró que anteciparíamos para o dia 2, domingo, aqui em casa não tínhamos cabeça para mais nada.

 

                        Dentre os 705 convidados, dos quais compareceram 520, havia mais de 30 músicos, com os quais eu combinaria a saída da Banda no dia da Decisão. Mas isso não veio a ocorrer, pois na véspera, sábado, 1º de julho, Brasil foi eliminado pela França.

 

                        Em 1982, minha festa pessoal era outra, a maior em minha vida. No dia 17 de julho, iria me casar com a jovem que escolhi para acompanhar-me pelo resto dos meus dias. O meu entusiasmo pelo grande passo, que mudaria por completo a minha vida errante de solteiro, aliado à onda de patriotismo que se apoderou de todo o povo brasileiro naquela Copa, era o prenúncio de uma saída triunfante da Banda da Capital Federal no dia conquista do Tetra.

 

                        Ao ver a lista do Técnico Telê Santana com os nomes dos convocados para a Seleção Brasileira, uma pequena frustração. Roberto Dinamite, a estrela do Vasco, meu time, dela não constava. Mas como? Se ele fora o artilheiro do Campeonato Carioca anterior, com 31 gols? Se, aos 28 anos, ele se encontrava no auge de sua forma física e técnica? Meu descontentamento foi superado pelo patriotismo do qual me encontrava imbuído. Torceria pelo Brasil com Dinamite ou sem Dinamite.

 

                        Esta era a Seleção: Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho, Toninho Cerezo, Junior, Paulo Isidoro, Sócrates, Serginho Chulapa, Zico, Éder, Paulo Sérgio, Edvaldo, Juninho Fonseca, Falcão, Edinho, Pedrinho, Batista, Renato, Careca, Dirceu e Carlos. Esquadrão imbatível! Já na Espanha, Careca se contundiu, e Telê foi obrigado a convocar aquele que faltava, o Dinamite. Porém só para constar, pois ele não participou de qualquer dos jogos.

 

                        Na minha despedida de solteiro, no dia 3 de julho, um sábado, a Banda da Capital Federal dela participou e ficou decidida a próxima reunião no dia da Decisão, para abrilhantarmos o povão que nas ruas festejaria a grande conquista.

 

                        Mas aí veio o que se passou a denominar A Tragédia do Sarriá, referência ao estádio do mesmo nome. No dia 5, segunda-feira, Roberto Dinamite nem para o banco de reservas fora escalado! E aquele inexpugnável elenco, que batera a União Soviética por 2x1, a Escócia por 4x1, a Nova Zelândia por 4x0, e a Argentina por 3x1, foi surpreendido, quando lhe bastaria o empate, pela Esquadra Azurra, perdendo por 2x3, três gols do reserva Paolo Rossi.

 

                        Quase toda a Nação Brasileira caiu em pranto, e muitos dos torcedores mais exaltados, ou inspirados pelo álcool, rasgaram a camisa amarelinha e queimaram a bandeira brasileira. Isso eu vi, lá na Rua do Beirute.

 

                        Mais ou menos às 21h00 daquele dia, correu, como um estopim, por todo o País, a notícia de que a Fifa anularia o resultado e daria a vitória para o Brasil, devido a terem descoberto, no exame antidoping, que Paolo Rossi jogara dopado e, consequentemente, seus gols não seriam computados.

 

                        Imediatamente, tratei de espalhar a boa nova, ligando, primeiramente, para minha noiva, e, depois disso, para a minha inteira agenda, anunciando essa ressuscitada esperança. Mas foi só fogo de palha. Naquela mesma noite, a Rede Globo jogou água fria em nossas cucas, desmentindo o boato. Frustrado fui dormir e mais frustrado ainda rumei na manhã seguinte para o trabalho.

 

                        Ao abrir o jornal Última Hora, me deparo com esta carta, que guardei por todos esses anos, porque parece ter sido endereçada a mim:

  

 

                        – Foi comigo! – Pensei – foi comigo! Esse cara me conhece e fez uma carta toda ela dedicada à minha pessoa! Fica vermelha, cara sem-vergonha! – Falei de mim para comigo.

 

                        Depois disso, conquistamos o Tetra e o Penta. E agora, com a seleção do Técnico Dunga, seremos Hexa! E não é só pela qualidade dos excelentes jogadores convocados não, é por um infalível vaticínio para o qual só agora vim a atentar, do qual lhe falarei ao término desta.

 

                        Eis o Esquadrão Predestinado de 2010: Julio César, Doni, Gomes, Maicon, Daniel Alves, Lúcio, Juan, Luisão, Thiago Silva, Gilberto, Michel Bastos, Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué, Elano, Ramires, Kleberson, Kaká, Julio Baptista, Robinho, Nilmar, Luís Fabiano e Grafite.

 

                        Como é de praxe, líquido e certo, a Seleção Brasileira partiu para a África do Sul depois de ser abençoada pelo Presidente da República e tirar a foto histórica:

 

 

                         E isso me faz lembrar que existem Presidentes pés-frios e Presidentes pés-quentes. Dos Presidentes pés-frios não vou falar. A História já os carimbou. Ocupo-me, com muito prazer futebolístico, apenas dos Presidentes pés-quentes.

 

                        Vejamos os grandes sortudos: Juscelino Kubitscheck, Campeão em 1958; João Goulart, Bi em 1962; Garrastazu Médici, Tri em 1970; Itamar Franco, Tetra em 1994; e Fernando Henrique, Penta em 2002.

 

                        E, confiando em quê, eu desejo encontrar Zé Benedito, no dia da Partida Final desta Copa, para exibir-lhe nossa taça de Hexacampeões? Em que me baseio para ter tanta certeza da conquista? Apenas num pequenino detalhe, para o qual só atinei nos tempos atuais. Taí ele:

 

                        Nunca antes na História Democrática deste País um Presidente da República perdeu duas Copas Mundiais seguidas. Fernando Henrique perdeu a de 1998, mas ganhou a de 2002. O atual Presidente perdeu a de 2006, logo, o Hexa tá no papo!

 

                        Só isso!

 

                        Em que pese a bola, ou apesar dela! Tanto faz!

 

(COMENTÁRIO DO AUTOR ANTES DO PRIMEIRO JOGO DO BRASIL NA COPA DE 2018: Como viram, queimei a língua. O que nunca fora visto antes na História Democrática deste País, aconteceu, um Presidente da República perdeu duas Copas Mundiais seguidas. Aliás, enquanto a dupla Itamar/FHC ganhou duas copas e foi vice em uma, a dupla Lula/Dilma perdeu três encarriladas)


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros