A cachaça, hóspede dos negros africanos, destronou todos os vinhos tomados costumeiramente.
Cada povo tem sua bebida preferida. No Brasil, apesar de já ter sido muito discriminada, a cachaça concorre, hoje, com qualquer bebida tradicional. É tão popular, quanto o futebol e o samba.
Também conhecida, popularmente, por pinga, cana ou caninha, há quem a chame, poeticamente, de “água que passarinho não bebe.”
Produzida no Brasil, a cachaça é obtida através da fermentação e destilação do caldo de cana ou melaço.
Seu nome pode ter sido originado da velha língua ibérica – cachaza – significando vinho de borra, um vinho inferior bebido em Portugal e Espanha.
Pois bem. Depois de beber muita cachaça, Vilinha, que adorava a noite, tentou caminhar de volta para casa, achando a rua muito estreita e trocando as pernas. Muito embriagado e com sono, parou junto de um poste de iluminação elétrica e com ele se abraçou. Olhou para o céu e ficou admirando as estrelas. De repente, sentiu a terra estremecer e rodar. Com medo de cair, abraçou-se ao poste, ainda com mais força. Fechou os olhos e começou a sonhar com um monte de moedas de ouro, postas umas sobre as outras, até à altura dos seus joelhos. Rapidamente, o monte de moedas começou a crescer, formando um caule dourado e ganhando o espaço, até atingir as nuvens. No sonho, ele viu na sua frente uma corda de ouro enorme, formada por moedas, como se fosse uma árvore de rara beleza, ligando a terra ao céu.
Deslumbrado com tanto ouro na sua frente, Vilinha ouviu alguém falar:
– Sobe, Vilinha!!!
No sonho, o bêbado segurou-se à corda de ouro, feita de moedas acumuladas, e quando começava a subir, a corda estalou e se partiu, fazendo-o despencar pelo espaço, até se estatelar com força, no chão.
Abrindo os olhos, Vilinha viu-se sentado na calçada, ao lado do poste.
Espantado, olhou ao seu redor e viu no chão uma moeda de um real, caída do bolso de algum transeunte.
Decepcionado, procurou se consolar, pensando:
– Ainda bem, que a ponta da corda ficou pra mim…
Apanhou a moeda, guardou-a no bolso e continuou o caminho de volta para casa, aos trancos e barrancos.