O ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB) voltou a ser preso em regime fechado, pela Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira. Geddel foi detido no último dia 3 de julho, por decisão do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, tendo sido transferido para a prisão domiciliar nove dias depois, por decisão do desembargador Ney Belo.
Agora, o ex-ministro será levado de volta para Brasília, onde cumprirá a nova detenção preventiva, também assinada por Vallisney. O juiz também determinou a prisão do advogado Gustavo Ferraz e mandados de busca e apreensão nas casas de Geddel, da mãe dele, e de Ferraz.
A ação acontece três dias depois da Operação Tesouro Perdido, a descoberta de um apartamento que serviria de “bunker” para o ex-ministro. Após uma denúncia anônima, a PF fez no imóvel maior apreensão de dinheiro em espécie da história do país: 51 milhões de reais. Segundo os policiais, as digitais do ex-ministro foram encontradas nas cédulas e nas caixas que guardavam o valor dentro do apartamento.
Dono formal do imóvel, o empresário Silvio Silveira confirmou em depoimento que o apartamento estava emprestado para o uso de Geddel. Ouvido pela PF, Silveira afirmou ter cedido o imóvel para que o peemedebista guardasse os pertences do seu pai, falecido em 2016, e que não tinha conhecimento de haver dinheiro no apartamento.
O ex-ministro é investigado no âmbito da Operação Cui Bono?, que investiga desvios na Caixa Econômica Federal, da qual Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013. Segundo as investigações, Geddel, o doleiro Lúcio Funaro, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outro ex-executivo da estatal, Fábio Cleto, receberam benefícios indevidos em troca da autorização de empréstimos e financiamentos pela Caixa.
Ao decidir a primeira prisão do peemedebista, o juiz Vallisney Oliveira ainda pontuou que ele pode ter cometido o crime de obstrução de Justiça, após as alegações da defesa de Funaro, que afirmou que Geddel havia feito diversos telefonemas a esposa de Funaro após saber que executivos da JBS haviam fechado acordo de delação premiada com o MPF.
Na sua colaboração com a Justiça, revelada em primeira mão na edição desta semana de VEJA, Funaro diz ter intermediado um pagamento de um milhão de reais em propinas da Odebrecht para Geddel. O doleiro Lúcio Funaro afirmou que o dinheiro teria saído dos 4 milhões que retirou no escritório do advogado José Yunes, amigo íntimo do presidente Michel Temer. Até então, a informação que se sabia é que todo esse valor teria como destino o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.