POETAS EXILADOS
Alphonsus Guimaraens
A CRUZ E SOUSA
No Mosteiro, da velha arquitetura, de era
Remota, vão chegando os poetas exilados.
A porta principal é engrinaldada em hera...
Os sinos dobram nos torreões, abandonados.
Uns são bem velhos, e há moços, na primavera
Da idade humana. Alguns choram mortos noivados.
Sem esperança, cada um deles tudo espera...
Outros muitos tem o ar de monges maus, transviados.
E ninguém fala. O sonho é mudo: e sonham, quando
Ei-los todos de pé, estáticos, olhando
A branca aparição de hierático painel.
Chegaste enfim, magoado Eleito! Olham. Vermelhos
Tons de poente num fundo azul... Dobram-se os joelhos:
É Cruz e Sousa aos pés do arcanjo São Gabriel.