O Poeta engasgou-se com sílabas e ficou enauseado com a gordura dos parágrafos extensos. Levantou-se da mesa certo do pouco que lhe restava. O verso já não chegava e o respirar era difícil. A hora do partir, inexorável, chegara. Antes, porém, no vomitar de rimas, instantes finais, um soluço de poesia lhe fez abrir os olhos e enxergar, nos estertores do poema final, um Drumond conversando com Gullar, a poesia a dizer adeus. Um Manoel de Barros rindo com a prosa de Vinícius ainda conseguiu fazer-lhe sorrir naquela hora. Um soneto se demorou um pouco no meio do caminho, tropeçou em pedras, e se deslumbrou com Pessoa. E ela, demorará a chegar? O Poeta merece um pouco mais de vida e nós merecemos um traço, por mais tênue que seja, de sua enorme Poesia. Bebeu três gotinhas de Quintana, duas colheres de chá de Bandeira e uma dose de Chico Buarque. … sua Poesia continuou viva.