Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quarta, 03 de julho de 2024

PLANO REAL: SEM ELE, BRASIL ATUAL NOA EXISTIRIA

Sem Plano Real, Brasil atual não existiria

Nova fase de pagamento do abono salarial começa segunda-feira -  (crédito: Imagem de Lucas Miranda por Pixabay)

 

O Plano Real foi um programa de modernização do país. O Brasil que temos hoje é tributário das enormes transformações econômicas, sociais e institucionais ali iniciadas

Ie de pagamento do abono salarial começa segunda-feira - (crédito: Imagem de Lucas Miranda por Pixabay)

Aécio Neves – Deputado federal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, ex-governador de Minas Gerais

É muito raro uma política pública entrar para a história de um país a ponto de ser comemorada 30 anos após a sua adoção. O Plano Real conseguiu. Seu reconhecimento se deve ao fato de ter devolvido aos brasileiros a capacidade de planejar o futuro, superando décadas de um processo hiperinflacionário que sempre penalizou mais os mais pobres.

O plano completa três décadas. Aquela foi a oitava tentativa de estabilização econômica desde o fim do regime militar, recebida com enorme expectativa e esperança pela população — cansada de conviver com preços que chegaram a dobrar de um mês para outro — e a desconfiança costumeira dos que eram então oposição: o PT votou reiteradamente contra a medida provisória de criação da nova moeda.

O real foi muito mais que um plano de estabilização econômica. Foi um programa de modernização do país. O Brasil que temos hoje é tributário das enormes transformações econômicas, sociais e institucionais ali iniciadas. Para tanto, foi central e crucial a liderança do então ministro da Fazenda e depois presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Sem ele, o país não teria conseguido.

Mas é fundamental registrar também a participação do então presidente Itamar Franco nesse processo. Sua coragem pessoal e a responsabilidade com o país permitiram que ele tomasse decisões que contribuíram para mudar a história do Brasil.  

Como parte relevante da população brasileira atual não viveu aqueles infortúnios, por ser então muito jovem ou nem ter nascido, é bom rememorar o que era o Brasil de 30 anos atrás. Até aquele ano de 1994, os brasileiros haviam se acostumado a uma rotina em que o salário chegava ao fim do mês valendo uma ínfima fração do que valia quando era pago.

No ano anterior, a inflação brasileira chegara a 2.477%. No último mês de vigência da antiga moeda, o cruzeiro real, que circulara durante menos de um ano, o índice geral de preços havia batido em 47%, o que, atualizado, equivaleria a 10.420%. Na média, a carestia havia sido de 16% ao mês desde 1980. Só países como Congo, em guerra civil, Rússia e Ucrânia, saídos da ruína soviética, tinham situação tão ruim quanto a nossa. Definitivamente, não dava para viver assim.

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Quatro anos depois do início da vigência do plano, a inflação brasileira caíra a 1,6%, menor patamar da história. Quem mais foi beneficiado foram os mais pobres. Na hiperinflação, a indexação e a correção monetária garantiam proteção ao dinheiro dos que tinham acesso ao sistema financeiro. Mas, na outra ponta, corroía o poder de compra dos salários de quem sequer tinha conta em banco.

À estabilização, o governo do presidente Fernando Henrique somou uma série de medidas destinadas a redesenhar o Estado brasileiro. Havia liderança, havia firmeza, transparência e honestidade de propósitos. O plano foi, pois, o pontapé inicial — e, claro, indispensável — de uma verdadeira revolução destinada a reduzir a desigualdade social e a ampliar o potencial de crescimento da nossa economia — objetivos, infelizmente, até hoje ainda não atingidos.

Vieram, em seguida, as renegociações de dívidas estaduais e municipais, as privatizações, o fim de bancos públicos estaduais que funcionavam como fonte de financiamento de governos perdulários, e, finalmente, a adoção dos princípios de responsabilidade fiscal, por meio da Lei n° 101/2000, que, com o regime de metas de inflação e câmbio flutuante, constituiu daí em diante o sustentáculo da economia brasileira.

Relembrar o Plano Real é crucial para iluminar um passado para o qual não podemos correr risco de retroceder: o do descontrole absoluto dos preços que existiu no país até 1994. Combater a inflação parece um preceito econômico por demais evidente, mas não são poucos os que teimam em querer desafiá-lo, sob os mais espúrios argumentos e inconfessáveis objetivos.

O real é uma peça de resistência. Sobreviveu a governos que levaram o país para rumos errados e fizeram de tudo para arruinar a estabilidade da nossa moeda. O trunfo do plano foi sempre o apoio da própria população, que reconhece nele a maior conquista da nossa história recente.

O real é fruto de um governo, de um líder e de uma equipe dotados de verdadeiro espírito público, devotados a mudar o país e a promover o que toda política pública séria deve perseguir: a melhoria da vida das pessoas. São ativos cada vez mais raros no Brasil de hoje, preso a interesses menores, visões de curto prazo e governos de deplorável esterilidade de boas ideias.

As ações promovidas àquela época, no governo do PSDB, inauguraram uma era de reformas que transformou o Brasil num país muito melhor. Esse ciclo, no entanto, não teve continuidade. O que agora precisamos é de uma nova rodada de mudanças estruturais para retomar o caminho do desenvolvimento do qual o país se desvirtuou. 


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